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França 2017: Quem vai enfrentar Marine Le Pen?
Neste dossiê analisamos a situação política em França com a campanha das Presidenciais a decorrer. Para além da análise às tendências eleitorais que as sondagens indicam, publicamos artigos sobre o sistema eleitoral e as instituições da Vª República; as candidaturas à esquerda, ao centro e à direita do espetro político; bem como um mapa das diferentes candidaturas de partidos à esquerda.
França não elegerá apenas um novo Presidente da República em 2017. Os membros da câmara baixa do parlamento são eleitos nas legislativas, realizadas este ano em junho após.
A mobilização eleitoral à direita e a incerteza à esquerda
Se as eleições fossem hoje, Marine Le Pen sairia vitoriosa na primeira volta, mas nenhuma sondagem indica que ganhe na segunda volta, sobretudo contra Emanuel Macron. No entanto, face a Fillon na segunda volta, as sondagens apontam para uma margem de apenas 6 pontos. Mas a três meses das eleições todo o quadro eleitoral irá sofrer alterações significativas.
As vitórias inesperadas de François Fillon e Benoit Hamon nas primárias dos respetivos partidos, bem como o escândalo Penelopegate, tornou inconsequente uma análise longa da progressão de intenção de voto desde novembro. As alterações súbitas nas sondagens que estes desenvolvimentos provocaram não deixam no entanto de ser reveladoras.
Desde logo, Marine Le Pen que, apesar de se manter como clara favorita na primeira volta das presidenciais, no momento em que o Partido Republicano (PR) elegeu François Fillon como seu candidato, viu baixar as suas intenções de voto de 30% para 24 a 26%.
François Fillon sofreu previsivelmente com as revelações do Le Canard Enchainé, baixando subitamente de 26% para 21% entre 20 e 26 de janeiro.
Nas sondagens realizadas em novembro, dos três candidatos do PR, Fillon era claramente o que mais eleitorado ia buscar à Front National, apesar de Juppé obter melhores resultados no público em geral (36% contra 20% de Fillon). Contra Juppé, a FN manter-se-ia próxima dos 30%, baixando para 25% no caso de Fillon, o que diz bastante sobre a dinâmica eleitoral no campo das direitas.
Previsivelmente, após o escândalo Penelopegate a FN recuperou nas intenções de voto, voltando para os 26 ou 27 pontos percentuais. No entanto, é demasiado cedo para tomar por garantido que a campanha de Fillon não recupera do escândalo, sendo já certo que não irá desistir a favor de outro candidato do PR.
A eleição de Benoit Hamon provocou vários efeitos sobre as intenções de voto no centro e à esquerda. O próprio PSF que, fosse qual fosse o candidato, não registava a 20 de janeiro intenções de voto acima dos 8% (enquanto a candidatura à sua esquerda de Jean-Luc Mélenchon registava 15%), regista a 26 de janeiro, logo após a vitória de Hamon sobre Manuel Valls, 15% nas sondagens (baixando Mélenchon para 10%) e a 29 janeiro, 18 %, valor que mantém nas sondagens de fevereiro apesar da recuperação de Mélenchon para os 13%. Já a candidatura de Yannick Jadot, do EELV, que em janeiro ainda registava intenções nos 2,5%, não ultrapassa agora 1,5%.
Por seu lado, Emmanuel Macron não poderia estar mais contente. A desistência de Hollande e a derrota de Manuel Valls nas primárias do PSF era precisamente o cenário estratégico que tinha definido no início de 2016 como aquele que mais deixaria o centro político disponível para a sua candidatura. No entanto, o deslocamento do eleitorado centrista do PSF por reação a Hamon não parece estar a acontecer segundo as sondagens.
Se, de facto, os escândalos em torno de Fillon lhe permitiram ultrapassar o candidato do PR para um sólido segundo lugar nas sondagens (com 23 a 25% das intenções de voto a 7 de fevereiro), esse impulso parece não só não ter prejudicado a ascensão de Hamon como a recuperação de Mélenchon face a Hamon.
Empresa de sondagens |
Data |
(FI) |
(EELV) |
(PS) |
(EM) |
(MoDem) |
(LR) |
(FN) |
29 de janeiro a 1 de fevereiro |
9 % |
1 % |
18 % |
20 % |
4,5 % |
21 % |
24 % |
|
1 e 2 de fevereiro |
11 % |
1 % |
16 % |
21 % |
5 % |
18 % |
25 % |
|
11,5 % |
1,5 % |
17 % |
22 % |
– |
20 % |
25 % |
||
3 a 5 de fevereiro |
11 % |
2 % |
14 % |
23 % |
– |
20 % |
26 % |
|
2 a 6 de fevereiro |
10 % |
1 % |
15,5 % |
20,5 % |
5 % |
18,5 % |
25,5 % |
|
7 e 8 de fevereiro |
12 % |
1 % |
15 % |
22 % |
5 % |
17 % |
25,5 % |
|
13 % |
1 % |
15,5 % |
23,5 % |
– |
18 % |
26 % |
||
6 a 8 de fevereiro |
12 % |
2 % |
14 % |
21 % |
5 % |
19 % |
24 % |
|
6 a 8 de fevereiro |
13 % |
1 % |
16 % |
21 % |
– |
20 % |
24 % |
|
6 a 8 de fevereiro |
10,5 % |
1,5 % |
14,5 % |
21 % |
5,5 % |
18 % |
26 % |
|
8 a 10 de fevereiro |
13 % |
1 % |
16 % |
21 % |
- |
20 % |
25 % |
|
8 a 10 de fevereiro |
11 % |
1.5 % |
15 % |
20.5 % |
5.5 % |
17.5 % |
26 % |
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O NEOLIBERALISMO QUE
O NEOLIBERALISMO QUE CONTAMINOU A SOCIAL DEMOCRACIA É RESPONSÁVEL PELO POPULISMO FASCIZANTE TRUMP, LE PEN E COMPANHIA..
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