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Praxe: Univ. Lusíada condenada em tribunal

Universidade condenada a indemnizar família de estudante morto na praxeO caso do estudante morto em 2001 numa praxe da tuna da Univ. Lusíada de Famalicão foi arquivado e os agressores nunca foram condenados. Mas agora o tribunal veio condenar a Universidade a pagar 90 mil euros à família da vítima, responsabilizando-a por não ter proibido aquelas práticas.

 

"Se tivesse controlado as práticas de agressividade física e psicológica, tinha contribuído para que a morte não tivesse ocorrido.", diz a sentença revelada pelo jornal I. O juiz considera que a Lusíada "tinha o dever de controlar as actividades de praxe e os estudantes", apesar da universidade alegar em sua defesa a "autonomia da tuna".

O juíz entendeu que a universidade devia ter proibido "esse tipo de comportamentos de pseudo-praxe, mais próprio de instrução militar", e classificou de "caricata a desvalorização dos comportamentos que violam a integridade moral e física dos seus alunos". Ainda assim, a indemnização de 90 mil euros fica aquém dos 210 mil pedidos pela família da vítima nesta acção cível.

Diogo Macedo tinha já 22 anos e estudava no 4º ano, mas na tuna era tratado como um caloiro. Os contornos da morte durante o ensaio da tuna nunca foram esclarecidos, tendo os seus membros reunido logo após o crime para acertarem versões no sentido dum acidente. Bruno acabou por morrer no hospital de S. João do Porto, mas o processo crime foi arquivado por falta de provas. Ouvidos em tribunal, todos os membros da tuna presentes no ensaio revelaram absoluta falta de memória sobre o que ocorreu na noite do crime.

Dois anos depois, a Universidade Lusíada ainda insistia em apontar o derrame cerebral como causa da morte, embora a autópsia tenha identificado várias lesões crânio-encefálicas e cervicais que "nunca poderiam resultar de uma só queda", segundo a médica legista que fez o relatório de autópsia e o defendeu no tribunal.

O funeral de Diogo Macedo ficou marcado não apenas pela actuação da tuna praxista, mas também pela entrada de um oficial de justiça acompanhado por um médico do hospital de São João que apresentou queixa ao Ministério Público por suspeitar de homicídio decorrente da praxe. O médico garantiu que não iria desistir de provar a verdade, mas poucas semanas depois suicidou-se.


 

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