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Ambientalistas lançam movimento europeu pelos rios e contra as barragens

O GEOTA, através do projeto Pelos Rios Livres, e o SOS Salvem o Surf juntaram-se a associações de outros seis países europeus para lançar o movimento Save Europe's Rivers. Ambientalistas denunciam impactos das barragens nos ecossistemas.

"O objetivo em primeiro lugar era criar um movimento entre as várias associações que, na Europa, estão a trabalhar contra a construção de novas barragens", afirmou a coordenadora do Projeto Rios Livres, do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), em declarações à agência Lusa.

A campanha Save Europe’s Rivers (Salvem os Rios da Europa), foi lançada esta terça-feira, Dia Internacional de Ação pelos Rios e contra Barragens. Para o efeito, o GEOTA e o SOS Salvem o Surf promoveram uma ação de sensibilização em Lisboa entre o Cais do Sodré e a Praça do Comércio, ao lado do rio Tejo.

"Os rios são dos ecossistemas mais ameaçados do mundo e ainda assim continuamos com planos para novas barragens", frisou Ana Brazão, assinalando que Portugal não é exceção.

"Com este movimento [queremos] demonstrar que essas alternativas existem e temos de zelar, todos em conjunto, não só em Portugal, pelos rios que ainda estão livres", acrescentou.

A coordenadora do Projeto Rios Livres lembrou vários dos impactos das barragens nos ecossistemas, como as consequências da barreira que representam para a fauna, tanto para os peixes que não conseguem subir o rio, como para mamíferos, como o lobo ibérico, que ficam impossibilitados de atravessar o curso de água, além da degradação da qualidade da água.

"O facto de as barragens reterem os sedimentos usualmente transportados pelos rios faz com que estes não se depositem na linha de costa e ficamos muito mais suscetíveis à subida do nível médio das águas do mar", alertou.

"Dos Balcãs a Portugal – através do Programa Nacional de Barragens, por exemplo – novas obras continuam a ser projetadas e desenvolvidas, é fundamental preservar os poucos rios e troços ribeirinhos que ainda não foram inundados ou estão poluídos e há formas mais amigas do ambiente de produzir eletricidade", referiu Ana Brazão.

Barragens são a principal ameaçada para os rios

Em comunicado publicado no facebook, as organizações que integram o movimento - AEMS-Ríos con Vida, de Espanha, a Aqua Viva, da Suiça, EcoAlbania, da Albânia, Free Rivers Italia , de Itália, GEOTA - Rios Livres, de Portugal, Leeway Collective, da Eslovénia, Save the River Conwy, do Reino Unido e SOS Salvem o Surf, de Portugal - salientam que “os rios são as veias do Planeta”.

“São uma etapa vital do ciclo da água”, apontam, defendendo que “os rios de curso livre são tão importantes para a humanidade quanto para a abundante flora e fauna que suportam”.

“Apesar disso, são os ecossistemas mais ameaçados do mundo, perdendo espécies e habitats mais rapidamente do que qualquer outro”, lamentam os ambientalistas, afirmando que as “barragens são a principal causa deste dano”.

“Os rios da Europa sozinhos têm mais de um milhão de barragens rompendo a conectividade do rio e bloqueando a vida ribeirinha”, lê-se no comunicado.

Ainda que reconheçam que “a necessidade de produzir energia renovável é maior do que nunca”, os ambientalistas destacam que “os avanços tecnológicos na energia eólica e solar, juntamente com a renovação de barragens existentes, trouxeram muitas alternativas mais ecológicas e mais limpas do que as hidroelétricas”.

“Se continuarmos a envenenar e sufocar as águas do nosso planeta, causaremos danos irreparáveis aos sistemas que nos sustentam”, rematam.

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