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Venezuela: Procuradora-Geral foge para a Colômbia

Luisa Ortega Díaz, Procuradora-Geral venezuelana demitida pela Assembleia Constituinte e perseguida pelo governo de Maduro, fugiu para a Colômbia. Em declarações, acusa o governo do PSUV de a perseguir por ter provas do envolvimento de Maduro em subornos da construtora brasileira Odebrecht.
Luíza Ortega Díaz foge com o marido e deputado Germán Ferrer para a Colômbia.
Luíza Ortega Díaz foge com o marido e deputado Germán Ferrer para a Colômbia.

Os serviços migratórios da Colômbia informaram que a Procuradora-Geral da Venezuela demitida, Luisa Ortega Díaz, chegou em voo privado ao aeroporto de Bogotá, "após resolvidos os respetivos trâmites migratórios”. Luísa Ortega Díaz foi demitida pela Assembleia Nacional Constituinte (ANC), logo que este órgão tomou posse, e impedida pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) de entrar nas instalações do  Ministério Público. Ela e a sua família têm vindo a ser fortemente perseguidos pelo Governo do PSUV, pela Presidente da Assembleia Constituinte e pela polícia política de Maduro.

O marido da procuradora e deputado Germán Ferrer, também viajou com a comitiva para a Colômbia. O deputado Germán Ferrer foi eleito pelo PSUV, tendo rompido com Nicolás Maduro e a direção do partido, por discordar da convocação da Assembleia Constituinte. Gérman Ferrer juntamente com outros dois deputados, que também saíram do PSUV, constituíram então o Bloco Parlamentar Socialista.

A revista venezuelana Semana dá nota, na sua edição de sexta-feira, que Luisa Ortega Díaz viajou em voo privado desde o México onde estava numa conferência de procuradores da América Latina. A procuradora viajou acompanhada de Gioconda del Carmen González Sánchez (assistente do Ministério Público da Venezuela) e Arturo Vilar Esteves (procurador anti-corrupção).

Luisa Ortega Díaz, após ser destituída do cargo de Procuradora-Geral pela Assembleia Constituinte, não aceitou a demissão e, considerando que a ANC não tinha poder para a demitir, manteve-se na posse dos seus poderes, mas foi proibida de entrar na Procuradoria, pela GNB e por um forte dispositivo militar.

Então, à entrada do edifício que lhe estava vedado, disse aos jornalistas que a sua demissão tinha relação com investigações sobre casos de corrupção, envolvendo os mais altos cargos do governo venezuelano e a empresa de construção civil brasileira Odebrecht.

Esta sexta-feira, a Procuradora avançou com mais detalhes sobre o caso numa palestra que deu, no México, a convite dos seus homólogos de alguns países da América Latina.

O som da palestra de Luisa Ortega Díaz foi publicado na conta do Twitter da Procuradoria-Geral mexicana. Na sua intervenção, Ortega volta a reiterar as razões da perseguição do Governo de Nicolás Maduro.

“É o maior caso de corrupção na região e isso deixa-nos muito preocupados e angustiados, porque eles sabem que temos informações em detalhe de toda a operação e valores envolvidos”, afirmou a Procuradora na conferência.

“Temos em detalhe toda a cooperação, montantes e figuras que enriqueceram e esta investigação envolve o senhor Nicolás Maduro e as pessoas à sua volta”.

Luisa Ortega Díaz denunciou ainda que há 64 procuradores especializados em corrupção, que estão proibidos de sair da Venezuela devido ao caso Odebrecht.  Advertiu os colegas procuradores de outros países que “qualquer informação que enviem ao Ministério Público (da Venezuela) servirá para denunciar e atentar contra as fontes”.

Luisa Ortega Díaz foi substituída no cargo por Tarek William Saab, antigo Provedor de Justiça, que, antes da ANC, tinha declarado publicamente que não queria nem iria substituir Luisa Ortega Díaz. Assim que tomou posse, Tarek Saab acusou Luisa Ortega Díaz de ser a "autora intelectual" das mortes resultantes das manifestações contra o governo de Maduro.

Na conferência, Ortega respondeu dizendo que: "Eu posso inventar crimes, mas vou defender a democracia até o último suspiro”.

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