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Venezuela: Número de mortos em manifestações sobe para 36
“A nossa Constituição é imbatível. É a Constituição de Chávez”
Dois dias depois de Nicolás Maduro ter anunciado a criação de uma assembleia constituinte para rever a Constituição de 1999, a Procuradora Geral, Luisa Ortega Díaz declarou, em entrevista ao Wall Street Journal: “A nossa Constituição é imbatível. É a Constituição de Chávez”.
A Procuradora Geral venezuelana disse também, numa clara crítica ao governo: “Não podemos exigir um comportamento pacífico e legal dos cidadãos se o Estado toma decisões que não estão de acordo com a lei”. A entrevista foi completamente traduzida para espanhol pelo site lapatilla.com.
Questionada sobre o julgamento de civis por tribunais militares, a procuradora disse que “este é um dos problemas que o Estado tem que ver com muita preocupação”.
Luisa Ortega Díaz apelou ao diálogo e à negociação, afirmando: “É hora de chegar a um acordo com nós próprios. É hora de manter conversações e negociar. Isto significa que alguém tem que ceder pelo bem do país”.
36 pessoas mortas em manifestações no último mês
Nas manifestações e protestos do último mês já morreram 36 pessoas. Nesta quarta-feira, 3 de maio, realizaram-se grandes protestos contra o governo em várias cidades, nomeadamente em Caracas, e nesta quinta-feira, 4 de maio, uma manifestação estudantil, com milhares de estudantes da Universidad Central da Venezuela (UCV), foi duramente reprimida pela polícia.
A reitora da UCV, Cecilia García Arocha, condenou a repressão contra os estudantes, que convocaram a manifestação para se dirigirem ao ministério do Interior, Justiça e Paz para exigir o fim da repressão dos protestos. Os estudantes foram reprimidos com gás lacrimogéneo pela polícia.
No último mês, nas manifestações a favor e contra o governo mais de 500 pessoas ficaram feridas e mais de 1.300 foram detidas.
Maestro Gustavo Dudamel: “Contra a violência e a repressão, levanto a minha voz”
O destacado maestro e violinista venezuelano Gustavo Dudamel escreveu um contundente artigo, com o título “Contra a violência e a repressão, levanto a minha voz” e onde, dirigindo-se a Nicolás Maduro, diz “Presidente, retifique e escute a voz do povoo venezuelano”.
No artigo, Gustavo Dudamel salienta que “os venezuelanos estão desesperados pelo seu direito inalienável ao bem-estar e à satisfação das necessidades básicas”, acusando: “Já basta de ignorar o justo clamor de um povo sufocado por uma intolerável crise”.
Nesta quinta-feira, Dudamel mudou a imagem de fundo das suas páginas no facebook e no twitter, com um fundo preto com as palavras "Armando Cañizales Carrillo", numa referência a este jovem músico morto a tiro na quarta-feira na manifestação da oposição em Caracas.
‘Contra la violencia y la represión alzo mi voz’ #DudamelVenezuela https://t.co/Z3zzBTbdf2
— Gustavo Dudamel (@GustavoDudamel) May 4, 2017
O texto de Duhamel não é único, pelo contrário, multiplicam-se as críticas ao governo por parte de setores de esquerda e tradicionalmente chavistas, como este texto do ex-ministro da Planificação Jorge Giordani, assim como os apelos contra a repressão e os confrontos, que endurecem.
Veja abaixo o vídeo do tanque da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) a arder e a atropelar manifestantes:
Tanque da GNB atropela manifestantes
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