Está aqui

Vários países árabes anunciam corte de relações diplomáticas com o Qatar

Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iémen, Ilhas Maldivas e o governo líbio estabelecido na cidade de Al-Bayda acusam o Qatar de ingerência e de apoiar o terrorismo. Corte de relações implica expulsão de diplomatas e suspensão de ligações aéreas e marítimas. Notícia atualizada às 19h40 de 05.06.2017.
Emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani, a receber o rei saudita Salman bin Abdulaziz Al Saud em Doha, no Qatar, a 5 de dezembro de 2016.

A Arábia Saudita justifica a decisão argumentando querer "proteger a sua segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo".

"A Arábia Saudita tomou esta medida decisiva devido à série de abusos por parte das autoridades de Doha ao longo dos últimos anos (...), por incitar à desobediência e prejudicar a sua soberania", sinalizou um responsável saudita, citado pela agência noticiosa oficial SPA.

O responsável acrescentou ainda que "o Qatar acolhe diversos grupos terroristas para desestabilizar a região, como a Irmandade Muçulmana, o Daesh".

A Arábia Saudita encerrou as ligações aéreas e marítimas com o Qatar e "insta todos os países irmãos e empresas a fazer o mesmo".

Tensão agudiza-se com suposta aproximação do Qatar ao Irão

Conforme avança o The New York Times, as relações já difíceis entre Qatar e Arábia Saudita agravaram-se em maio quando os sauditas acusaram o emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad al-Thani, de apelar a um estreitamento das relações com o Irão, o rival regional do reino saudita, e de criticar alguns dos Estados Árabes do Golfo e os EUA. O Qatar negou a acusação, insistindo que as citações que constavam da página de internet da agência noticiosa estatal foram obra de hackers, e abriu uma investigação. Os sauditas recusaram esta explicação.

As alegadas declarações de al-Thani surgiram dois dias após a visita oficial de Donald Trump à Arábia Saudita, durante a qual o presidente norte-americano teceu duras críticas ao Irão: “Durante décadas, o Irão deitou achas para a fogueira do conflito e do terror sectário. É um Governo que fala abertamente a favor de homicídios em massa, que jura a destruição de Israel, morte aos americanos e a muitos líderes e nações nesta sala”, frisou Trump.

No final do mês passado, a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito bloquearam o acesso a vários meios de comunicação do Qatar, entre os quais a estação de televisão Al-Jazeera. O Qatar "apoia vários grupos terroristas e sectários que têm como objetivo perturbar a estabilidade na região, incluindo a Irmandade Muçulmana, o ISIS e a Al-Qaeda, e promove a mensagem e esquemas destes grupos através dos seus media", justificou então a agência de notícias da Arábia Saudita, citada pela agência Reuters.

São já sete os países a cortar relações com o Qatar

Também o Bahrein alega querer "preservar a segurança nacional", e acusa Doha de "minar a segurança e estabilidade" do país, de "interferir nos seus assuntos" internos e de ser responsável pelo "incitamento dos 'media'. Segundo Manama, o Qatar é ainda responsável pelo apoio a atividades terroristas armadas e pelo “financiamento ligado a grupos iranianos para levar a cabo atos de sabotagem e semear o caos no Bahrein".

As autoridades do Bahrein deram ordem para que os diplomatas e cidadãos do Qatar abandonem os país em 48 horas.

Em comunicado, divulgado pela WAM, os Emirados Árabes Unidos acusam o Qatar de perturbar a estabilidade na região. A companhia aérea Etihad Airways já confirmou, entretanto, a suspensão dos voos para o Qatar, a partir desta terça-feira.

Numa missiva divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Egito vem igualmente acusar o Qatar de apoiar "o terrorismo" e de "insistir em adotar um comportamento hostil relativamente” ao país. As autoridades egípcias já anunciaram o encerramento das fronteiras "aéreas e marítimas".

Na Líbia, o governo sediado em Bayda, sob o controlo do Parlamento em Tobruk e do general Khalifa Haftar, também anunciou o corte de relações com o Qatar. A notícia foi avançada pela Sky News Arabia, que cita o ministro dos Negócios Estrangeiros Mohammed al-Dairi.

O governo das Maldivas foi o sétimo a anunciar o corte das relações diplomáticas com o Qatar. Em comunicado, o Ministério de Relações Exteriores do arquipélago refere que “as Maldivas tomaram esta decisão necessária por sua firme oposição às atividades que fomentam o terrorismo e o extremismo”.

Na sequência dos anúncios de corte de relações diplomáticas, a coligação internacional liderada pela Arábia Saudita que intervém no Iémen, e que integra - além do Bahrein, Egito e Emirados Árabes Unidos - a Jordânia, Kuwait, Marrocos, Paquistão e Sudão, anunciou a exclusão do Qatar devido ao "seu apoio ao terrorismo".

“Medidas são injustificadas e baseiam-se em alegações que não têm razão de ser"

O ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar já emitiu um comunicado de reação ao anúncio do corte de relações diplomáticas, afirmando "não haver uma justificação legítima" e nem fundamento para tal: "As medidas são injustificadas e baseiam-se em alegações que não têm razão de ser", refere, acrescentando que as decisões "não terão qualquer efeito nas vidas dos cidadãos e residentes".

Em causa está, segundo o Qatar, um "objetivo claro: colocar o Estado [do Qatar] sob tutela, o que constitui uma violação da sua soberania" e é "totalmente inaceitável".

A bolsa do Qatar registou, entretanto, a maior queda desde 2009, segundo revela a Bloomberg. O preço do petróleo também registou repercussões, face ao anúncio de corte de relações, tendo chegado a subir mais de 1,5%. A subida foi posteriormente atenuada.

Norte americanos não esperam impacto na luta conjunta contra o terrorismo

Apesar de ter uma base militar aérea no Catar com cerca de 10 mil soldados, a administração norte-americana, pela voz do Secretário de Estado, Rex Tillerson afirma não esperar “que haja um impacto significativo, ou qualquer impacto, na luta conjunta contra o terrorismo na região ou a nível global”.

Termos relacionados Internacional
(...)