Está aqui

"Uma geração que já foi sacrificada não o pode ser duplamente na reforma"

Catarina Martins interveio no 2º Encontro Nacional +60, onde afirmou que o Bloco está a negociar com o PS acabar com a dupla penalização das reformas antecipadas e a majoração das carreiras contributivas mais longas, medidas que devem avançar até ao final de março.
Catarina Martins fala no 2º Encontro Nacional +60
Catarina Martins fala no 2º Encontro Nacional +60.

Catarina Martins interveio no encerramento do segundo Encontro Nacional +60 organizado pelo Bloco em Lisboa. Depois de um dia de debates sobretudo centrados na Segurança Social, na Saúde e no Apoio Social aos séniores, Catarina incidiu o seu discurso sobre a necessidade de acabar com a dupla penalização das reformas antecipadas e da majoração das carreiras contributivas mais longas.

A coordenadora bloquista explicou que, quando houve uma promoção das reformas antecipadas foi feito um outro movimento penalizador: "foi alterada a lei de forma a que as reformas antecipadas passaram a ser duplamente penalizadas". Desta forma, as pessoas são penalizadas por cada mês de antecipação da reforma face à idade legal. Por exemplo, quem tem 60 anos sê-lo-á todos os meses que até ter 66 anos e 4 meses. E foram ainda penalizadas pelo fator de sustentabilidade. "Em Portugal há pessoas com 40 anos de descontos, mas que, porque ainda não tinham a idade legal para a reforma a tempo inteiro, pediram a reforma antecipada, que foi cortada em mais de 40%. Não se consegue viver com estas reformas e este é um corte para sempre. As pessoas foram enganadas porque não sabiam que teriam esta penalização".

Perante esta situação, o governo parou com estas reformas. "Mas essa não é a solução", explica Catarina, "a solução tem de ser acabar com a dupla penalização das reformas antecipadas, algo que temos estado a conversar com o governo e temos a expectativa que avance muito em breve". Esta situação será particularmente importante para as pessoas que trabalham em profissões muito desgastantes fisicamente, mas que não são consideradas profissões de desgaste rápido. "As pessoas ganharam esse direito que é tão importante para a qualidade de vida de quem se quer reformar, como o é para a geração que quer emprego", prosseguiu a dirigente bloquista. "Temos uma Função Pública muito envelhecida e gerações mais novas com muitas qualificações que não arranjam emprego".

Respeito pelas carreiras contributivas muito longas

Por outro lado, Catarina Martins lembra que em Portugal várias gerações começaram a trabalhar muito novas, é comum encontrar alguém que tenha começado a sua carreira aos 12, 13 anos. "Não podemos aceitar que uma geração que já foi sacrificada porque foi obrigada a trabalhar muito jovem seja duplamente sacrificada quando chega à idade da reforma porque a sua longuíssima carreira contributiva não é valorizada de maneira nenhuma", explicou Catarina. "Este é o momento de fazer justiça a estas pessoas, é o momento de alterar a forma de cálculo das pensões para valorizar e majorar as carreiras contributivas".

As negociações sobre este assunto têm decorrido entre o Bloco e o PS. "Temos estado a negociar este tema com o governo e esperamos poder chegar bom porto. Na nossa opinião, seria um erro chegar ao segundo trimestre do ano sem ter as alterações legislativas necessárias para acabar com a dupla penalização das reformas antecipadas e a majoração das carreiras contributivas muito longas, são razões de justiça pelas quais nos batemos", concluiu Catarina. 

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
Comentários (7)