Trump despede 46 procuradores

12 de março 2017 - 21:18

Preet Bharara, procurador de Nova Iorque, estava a investigar a Fox News devido às queixas de assédio sexual, tendo Sean Hannity publicamente pedido uma limpeza do Departamento de Justiça.

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Donald Trump, EPA/STR/Lusa
Donald Trump, EPA/STR/Lusa
Esta sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, pediu a demissão de 46 procuradores nomeados pelo seu antecessor, juntando-se aos 47 que já tinham apresentado demissão logo após a nomeação de Trump. 
 
O cargo de procurador federal é de nomeação direta do Presidente, sendo normal a renovação de quadros com cada nova administração. 
O sistema de Justiça dos EUA divide territorialmente os EUA em 94 distritos, cada um com um procurador nomeado pelo Presidente sob recomendação de um Senador. 
 
Sendo tradição os procuradores colocarem o seu lugar à disposição do novo Presidente, nenhum dos 93 procuradores nomeados por Obama permanece hoje em funções, inclusivamente Preet Bharara, de Manhattan, que se notabilizou pelas investigações sobre corrupção e por processar mais de cem executivos de Wall Street. Bharara lida com terrorismo internacional, narcotráfico e fraudes bolsistas. 
Em novembro, Trump pediu a Bharara que permanecesse no cargo, intenção reforçada por Jeff Sessions (recém-nomeado Procurador-Geral), pedido que Bharara aceitou.
 
A decisão surpreendeu a maioria dos visados que, garantem, não receberam nenhum aviso prévio, alguns apercebendo-se apenas pela comunicação social do que havia sucedido. E surge após Donald Trump mostrar grande hostilidade contra o sistema de Justiça e a forma como bloqueou a primeira ordem executiva anti-imigração. 
 
Segundo o New York Times, o próprio Presidente Donald Trump tentou contactar diretamente Preet Bharara, algo que viola os protocolos de relação institucional entre o gabinete da presidência dos EUA e os Procuradores. Por isso, Bharara recusou falar com o Presidente. No dia seguinte, estava despedido. 
 
Qualquer investigação sobre os negócios em torno das propriedades de Donald Trump em Nova Iorque, nomeadamente a Trump Tower, são geridas pelo Procurador de Nova Iorque. 
 
Entre outros casos, Bahrara estava a investigar a Fox News por questões relacionadas com as queixas de assédio sexual perpetrado por Roger Ailes, tendo Sena Hannity (pivot ultra-conservador da Fox News) pedido uma "limpeza" do Departamento de Justiça.