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Teatro da Cornucópia encerra denunciando fomento de precariedade nas artes

Teatro da Cornucópia encerra após 43 anos de atividade denunciando o modelo de precariedade e estrangulamento financeiro promovido pela DGArtes nos últimos três governos.
Luís Miguel Cintra, Lusa/José Sena Goulão
Luís Miguel Cintra, Lusa/José Sena Goulão

Luís Miguel Cintra anunciou hoje que o Teatro da Cornucópia irá encerrar atividade devido à "filosofia de apoio às artes". Segundo declarações ao Diário de Notícias, a decisão veio na sequência dos sucessivos cortes nos apoios contratualizados com a DGArtes, apoios "que já eram insuficientes" e que não permitem uma produção de qualidade.

Em declarações ao Jornal Público, a diretora-geral das Artes, Paula Varandas, argumenta que "há poucas estruturas com um apoio tão significativo" como o Teatro da Cornucópia. De entre as 127 estruturas com apoios plurianuais, apenas o Teatro o Bando, o Acert, a Oficina, a Companhia de Teatro de Braga, o Teatro de Almada e o Teatro Viriato recebem apoios equiparáveis.

Mas precisamente o que Luís Miguel Cintra coloca em causa é o modelo de gestão que a DGArtes fomenta: "não podemos adaptar-nos a modelos de gestão que depois dificilmente nos habituaríamos a cumprir".

Esta declarações são compreensíveis à luz da entrevista dada ao DN por ocasião dos 40 anos do Teatro da Cornucópia: "Admito que haja outras estruturas que possam trabalhar com muito menos dinheiro e com maneiras de trabalhar que se traduzam em menos gastos, nós não conseguimos. (...) E sobretudo houve outra coisa: a criação de uma expetativa ou de um desejo, que foi de certa maneira estimulado pelo Estado, de desenvolvimento da companhia, de se tornar cada vez mais uma companhia estável, fixa, de utilidade pública. E depois houve um tirar do tapete muito violento, de repente."

Luís Miguel Cintra refere-se aos cortes realizados em 2010 pela então Ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, cortes que legitimaram uma política de austeridade violenta na Cultura pelo governo de Passos Coelho.

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