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Stiglitz: “Europa arrisca nova recessão devido a vaga de austeridade”

O Prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, considera que a economia europeia se arrisca a entrar de novo em recessão devido aos cortes na despesa que os governos estão a realizar para reduzir os seus défices orçamentais.
Joseph Stiglitz no Fórum Económico Mundial, em Davos, 2009. Foto World Economic Forum/Flikcr.

“Cortar, com ou sem vontade, nos investimentos de alta rendibilidade apenas para fazer com que os números do défice pareçam melhores é realmente um disparate”, afirmou Joseph Stiglitz numa entrevista à rádio irlandesa RTE, citada pela Bloomberg.

“Porque tantos na Europa estão concentrados no número artificial de 3 por cento [de défice], que não tem qualquer realismo e só olha para um lado da balança, a Europa está em risco de entrar em nova recessão”, acrescentou o Nobel da Economia.

As declarações de Stiglitz surgem numa altura em que os governos da zona euro estão a acelerar os esforços para cortar os défices para valores inferiores ao limite imposto pela União Europeia, de 3% do PIB, depois de a crise grega ter minado a confiança dos investidores nos países do Euro.

Apesar da economia ter expandido no segundo trimestre ao seu ritmo mais elevado dos últimos quatro anos, a retoma começa a mostrar sinais de abrandamento.

Stiglitz, que falava à rádio irlandesa, considerou que por si só, a Irlanda não era demasiado pequena para determinar o que acontece à Europa no seu todo, alertando no entanto que se “a Alemanha, o Reino Unido e outros dos maiores países seguirem esta abordagem de austeridade excessiva, a Irlanda irá sofrer”, à semelhança do que acontecerá, nesse caso, aos países mais pequenos e dependentes das maiores economias.

“O problema é que não estamos a sair muito depressa desta crise”, alertou ainda. “O que estamos a fazer é a prepararmo-nos para um período prolongado, ao estilo japonês, de doença de baixo crescimento durante muito tempo. É muito perturbador que as pessoas estejam a falar de uma retoma, com o desemprego nos dez por cento”. “Tal seria devastador”, afirmou Joseph Stiglitz.

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