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Sindicatos preocupados com descongelamento de carreiras “a prestações”

As verbas inscritas no Orçamento para o descongelamento das carreiras na Função Pública vão deixar muita gente de fora dos aumentos a que têm direito, avisam Frente Comum e Fesap.
Foto Paulete Matos

Os sindicatos dos funcionários públicos avisam que o descongelamento de carreiras prometido para 2018 vai ter um efeito limitado, dada a escassez das verbas orçamentadas para esse efeito. Em declarações à agência Lusa, Ana Avoila, da Frente Comum e José Abraão, da Fesap, deixam aviso ao governo de que muitos trabalhadores não irão dar pela diferença no salário ao fim do mês.

“O Governo não quer abrir os cordões à bolsa” para que todos os funcionários possam progredir na carreira em 2018, afirma Ana Avoila, acrescentando que “o valor que está no Orçamento do Estado, de 130 milhões de euros para 2018, não dá para os 100% de trabalhadores que existem na Administração Pública, dão para pouco mais de 65%”.

Perante a falta de informação do governo sobre como irá tratar os trabalhadores que obtiveram classificações máximas durante o período de congelamento e que assim poderiam subir vários degraus na tabela remuneratória, Ana Avoila diz que “ “o dinheiro que está inscrito no Orçamento do Estado é só para uma posição remuneratória, o que quer dizer que o Governo vai prejudicar todos os que tiveram avaliação de desempenho relevante e excelente”.

“Os trabalhadores que tiveram avaliação de desempenho relevante e que mudam de escalão de cinco em cinco anos, como é que é? Levam só um escalão? Se mudam de escalão desde 2005 já têm três escalões. Se têm excelente mudam de quatro em quatro anos. A isto o Governo não dá resposta”, criticou a dirigente da Frente Comum, afeta à CGTP, reclamando que as progressões em 2018 sejam pagas “na totalidade e não em prestações” que se traduzirão em aumentos de cerca de uma dezena de euros para a maioria dos funcionários em causa.

"Maior parte dos trabalhadores nem vai sentir” melhoria salarial em janeiro

Também José Abraão, da Fesap, afeta à UGT, avisa que “nem toda a gente vai ter uma mudança de posição remuneratória por consequência do descongelamento”. Contas feitas, o sindicalista prevê que haja “quase dois terços dos trabalhadores da administração pública que não têm qualquer aumento salarial, qualquer progressão na carreira”.

“Não é bom que se passe a ideia de que os trabalhadores da Administração Pública vão ver melhorada de forma significativa a sua vida e o seu rendimento, bem pelo contrário” sublinhou José Abraão, chamando a atenção que muitos nem sequer verão reposto o valor da inflação.

Como o governo quer descongelar as carreiras de forma faseada, com 25% do aumento pago em janeiro, isso levará a “aumentos salariais de 4 euros, de 7 euros, de 8 euros”, prossegue o sindicalista da Fesap, concluindo que  “a melhoria salarial é de tal maneira insignificante que a maior parte dos trabalhadores nem a vai sentir”.

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