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Ryanair obriga trabalhadores a vender raspadinhas e perfumes

Companhia afirma que quem não vender oito raspadinhas, um perfume e um menu ou uma refeição fresca por dia durante o voo "será chamado pelo supervisor" e que "serão tomadas as devidas consequências”. Ryanair é acusada de bullying e de pôr em causa segurança.

De acordo com um memorando interno da empresa low cost irlandesa, a que o Irish Times teve acesso, datado de 20 de março, “as vendas serão controladas de perto e algum membro que não cumpra o objetivo diário terá de explicar a razão”. O mesmo documento refere ainda que “se algum dos membros não cumprir os seus limites diários será chamado pelo supervisor e serão tomadas as devidas consequências”.

A empresa já reagiu à divulgação do memorando, argumentando que os elementos da tripulação “são incentivados a vender produtos adicionais a bordo como parte do seu esquema de bónus de vendas”. “Quanto mais raspadinhas venderem, mais fundos conseguem angariar para as instituições de caridade que apoiamos”, revela fonte oficial da empresa, citada pelo Dinheiro Vivo.

Ryanair acusada de bullying e de pôr em causa segurança

Arnalda Fonseca, mãe de uma hospedeira portuguesa da Ryanair denunciou, na sua página de Facebook, o caso da sua filha, que não consegue transferência por não vender o suficiente a bordo: “A minha filha trabalha em Itália, para a empresa Ryanair. Deixou comigo a sua filha, para poder ganhar a vida. Ao fim de tantos anos a pedir a transferência para o Porto, para poder estar perto da minha neta, têm- lhe sido dito claramente que o seu nível de vendas está abaixo da média da base”, escreve.

“Uma companhia que não permite que os seus empregados sejam representados por um sindicato e assim se aproveitam para fazer bullying. Isto porque seguem o mote ‘Não estás bem? A Porta é a serventia da casa!’ ou mesmo ‘Para quem não quer há muito’, expõe ainda Arnalda Fonseca.

Sublinhando que “o papel de um assistente de voo é garantir a segurança de passageiros, tripulação e aeronave”, a mãe da assistente de bordo portuguesa questiona ainda “até que ponto esta competitividade em vender que se instala entre a tripulação não põe em risco o fator segurança”. 

Arnalda Fonseca deixa também um apelo: “Partilha este post, porque situações como as da minha filha muitos estão a passar”.

Prémio de um milhão da raspadinha nunca saiu a ninguém

Os prémios da raspadinha vendida pela Ryanair, que anuncia um jackpot de um milhão de euros aos passageiros, também têm gerado alguma controvérsia, na medida em que os mesmos não são de acesso direto.  

Os cartões premiados somente permitem participar num sorteio anual. Ganhar o sorteio também não implica ter acesso direto ao jackpot de um milhão, mas sim a poder escolher um envelope, entre os 125 disponíveis. Existe apenas uma hipótese de selecionar o prémio máximo, sendo que os outros envelopes oferecem prémios mais baixos, descendo até 50 mil euros. Segundo a própria Ryanair, o jackpot de um milhão de euros nunca foi atribuído.

A par da participação no sorteio, os cartões de rascunho podem dar acesso a prémios até 5 mil euros e carros. 

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