Está aqui

Protestos na Grécia contra novo pacote do memorando

O parlamento grego aprovou mais um pacote de medidas prévias à terceira avaliação dos credores. As mudanças na lei da greve foram contestadas nas ruas.
Foto YANNIS KOLESIDIS/EPA

Mais de dez mil pessoas concentraram-se em frente ao parlamento grego, protestando contra o novo pacote de medidas prescritas pelos credores. Na capital grega e em Salónica, 20 mil pessoas manifestaram-se durante o dia, que também foi de greve nos transportes públicos, escolas e hospitais, para além das três horas de paralisação dos controladores aéreos.

Enquanto os deputados aprovavam as medidas, com os votos contra de todos os partidos da oposição, fora do parlamento eram lançadas pedras e cocktails molotov, com a polícia a responder com gás lacrimogéneo. Registaram-se também vários confrontos entre a polícia e manifestantes nos acessos ao parlamento.

O ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos, tinha dito que o pacote de medidas aprovado esta segunda-feira, com mais de 1500 páginas, é o primeiro em que ninguém duvida que contém mais medidas positivas do que negativas. Em troca, a Grécia espera receber mais uma tranche do empréstimo, no valor de 6.5 mil milhões de euros.

Com a sua aprovação, o governo pretende obter luz verde na terceira avaliação do memorando. Para Alexis Tsipras, ele “conclui a parte legislativa referente às medidas prévias necessárias à conclusão da terceira avaliação”, pondo a Grécia “a um passo do fim do memorando”, que deverá ter lugar no próximo mês de agosto, afirmou o primeiro-ministro no início do debate parlamentar.


A medida mais contestada nas ruas foi a da alteração à lei da greve, em que as greves convocadas a nível local passam a requerer um quórum de 50% +1, em vez de um terço dos trabalhadores sindicalizados. Dentro do parlamento, toda a oposição votou contra, à exceção do Potami, que se absteve.

As manifestações convocadas pelas centrais sindicais contestaram o “atentado ao direito à greve” presente na nova lei. Tsipras respondeu às críticas, lembrando que a central GSEE, que contesta a lei, apelou ao Sim no memorando no referendo de 2015, que incluía alterações bem mais gravosas à lei laboral. O primeiro-ministro grego criticou ainda o silêncio das centrais sindicais sobre o "regresso da normalidade às relações laborais", referindo-se à restauração dos acordos coletivos de trabalho, que considera uma vitória nas negociações com os credores. A central sindical PAME, que chegou a ocupar o Ministério do Trabalho na semana passada, também contestou o pacote legislativo em frente ao parlamento.

Entre as medidas aprovadas neste pacote, esteve também a uniformização dos apoios sociais às famílias com filhos, que trará um aumento desses apoios a mais de 600 mil famílias, afirmou o porta-voz do governo Dimitris Tzanakopoulos. A medida era  dirigida às famílias numerosas e foi agora alargada a todas as famílias com filhos. Na votação ponto por ponto no parlamento, esta foi a única medida que não teve o voto contra do KKE, que optou pela abstenção.

Na votação da generalidade, os 153 deputados da maioria Syriza/Gregos Independentes contaram pela primeira vez com mais um voto a favor do pacote de medidas negociado com os credores, que também inclui legislação para acelerar os leilões de propriedades em execução hipotecária, através de um sistema eletrónico. Trata-se da deputada independente Theodora Megaloikonomou, eleita pela União dos Centristas, que anunciou em seguida a sua adesão ao Syriza.

Termos relacionados Internacional
(...)