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Privatizações: “Um país não se vende”

A porta-voz do Bloco, Catarina Martins, frisou que “as privatizações não só não diminuíram a dívida como aumentam o défice”, alertando ainda que, tirando dinheiro ao Orçamento do Estado, as mesmas “levam ao aumento de impostos ou ainda mais cortes sociais”.
Foto de Paulete Matos.

Durante uma conferência de imprensa que teve lugar esta terça-feira, e tendo como pano de fundo a imagem do novo outdoor do Bloco de Esquerda, no qual se lê “Um país não se vende – a todos o que é de todos”, Catarina Martins defendeu que “num momento em que debatemos o Estado da Nação, em que estamos a chegar ao fim da legislatura e o governo programa para o fim do mandato tantas novas privatizações, o tema das privatizações tem de ser posto hoje no centro do debate político em Portugal”.

 “Cortes nos salários, aumento dos impostos sobre o trabalho e diminuição dos impostos sobre os lucros das grandes empresas, flexibilização laboral e menor proteção social e no desemprego. Foi este o programa de 4 anos de Governo. Tudo isto, de acordo com Passos e Portas, para gerar uma nova economia, mais competitiva e virada para o exterior. Em cima deste programa de empobrecimentos, o maior programa de privatizações dos últimos anos”, avançou a porta-voz bloquista.

 Segundo Catarina Martins, “sobre este programa de privatizações há muito a dizer”, nomeadamente no que respeita à “pressa demonstrada pela maioria PSD e CDS em entregar a privados sectores vitais da economia, a escassas semanas das eleições”, que “é causadora de todo tipo incertezas e levanta sérias dúvidas sobre o que está a ser assinado e com que interesses”.  

 Lembrando que, “de um dia para o outro, o Governo prepara-se para despachar a maior empresa exportadora do país, a TAP, os transportes coletivos que garantem mais de um milhão de viagens por dia e a maior empresa de transporte de mercadorias e a capacidade instalada de reparação de comboios”, a dirigente do Bloco de Esquerda sublinhou que o executivo “tem-se recusado, sistematicamente, alegando a natureza comercial dos acordos, em dar conhecimento dos contratos e das garantias de serviço públicos acordadas”.

 “A julgar pelo relatório do Tribunal de Contas sobre a venda da EDP, levantando sérias acusações sobre a natureza do negócio e dizendo que não acautela o interesse público, percebe-se a recusa do governo”, acrescentou.

 Para a porta-voz bloquista, “o discurso do Governo sobre as privatizações assenta, genericamente, na construção de 3 mitos: As empresas públicas são pior geridas; a privatização vai gerar competitividade e diminuir preços; as privatizações vão melhorar as contas do Estado”.

 “Falso, falso e falso”, afirmou Catarina Martins.

 “Sobre a superioridade da gestão privada, três letras apenas: BES. As privatizações descem os preços? Perguntem a quem olha para a fatura da energia ou tem que atestar o carro. Por último, a dívida acumulada de algumas destas empresas, que é o seu problema, continuará largamente ou mesmo a 100%, nas mãos do Estado”, contrapôs a dirigente do Bloco, defendendo que “as privatizações são um embuste ideologicamente sustentado”.

 A porta-voz do Bloco alertou ainda que “as privatizações não só não diminuíram a dívida como aumentam o défice”: “Só no ano passado, duas das empresas, a EDP e CTT distribuíram 750 milhões de euros em dividendos. Se o Estado mantivesse a parte que detinha nessas duas empresas teria arrecadado 210 milhões para os cofres públicos. O mesmo acontece na ANA, altamente lucrativa, ou na seguradora da Caixa Geral de Depósitos. As privatizações, tirando dinheiro ao OE, levam ao aumento de impostos ou ainda mais cortes sociais”.

 “As privatizações são um problema para a soberania de Portugal, que vê sectores vitais para a independência de um país como a distribuição de energia, comunicações, sem nenhum papel do Estado – ao contrário do que acontece na esmagadora maioria dos países europeus.”, rematou.

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