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Precários do Estado: “Números do governo estão aquém da realidade”

A campanha Precários do Estado defende que os trabalhadores contratados pelas ETT e falsos outsourcing devem ser acrescentados ao levantamento feito. Leia aqui o relatório que o governo apresentou.
Foto Precarios.net

Os Precários do Estado dizem que a elaboração deste relatório (ler aqui o documento divulgado pelo governo) é “o reconhecimento e uma vitória para o movimento de precários que luta há anos contra a precariedade no Estado e no sector privado”. Mas apontam que os números referidos pelo relatório – a imprensa falava de 100 mil e o relatório aponta 89.406 trabalhadores da Administração Central e Setor Empresarial do Estado sem vínculo permanente – “estão ainda aquém da realidade, pois não constam do relatório nem os trabalhadores contratados através de Empresas de Trabalho Temporário, nem aqueles que trabalham em regime de falso outsourcing”.

“Este relatório não pode servir para legitimar estas formas de precariedade e por isso exigimos que estes trabalhadores sejam incluídos”, diz o comunicado dos Precários do Estado, que dão o exemplo do Centro Hospitalar do Oeste como prova de que “eliminar estas formas de contratação, intermediadas por empresas externas, significa também uma real poupança para o Estado”.

O outro problema do relatório, prosseguem, é que “não esclarece, com rigor, qual a metodologia seguida para a definição do universo incluído neste levantamento, nem como pretende o Governo aferir as situações a regularizar”. A solução passa por um processo de regularização que tenha em conta a realidade e não “qualquer tecto definido pelo Governo ou sugerido por responsáveis de serviços habituados à precariedade”.

“Este é um processo em aberto, que dependerá da mobilização dos trabalhadores precários do Estado e do conjunto das forças sociais que defendem os serviços públicos e o trabalho com direitos”, conclui a campanha Precários do Estado.

Precários do Centro Hospitalar do Oeste exigem fazer parte do relatório

Um dos exemplos de trabalhadores precários a desempenharem funções de necessidade permanente para o Estado acontece do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), onde 180 trabalhadores ficaram excluídos deste levantamento feito pelo governo.

“Prestamos serviços permanentes essenciais ao funcionamento dos hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e Peniche. Estamos nos serviços de urgência, medicina, ortopedia, maternidade, cirurgia, pneumologia, entre outros. Somos parte do quotidiano destes hospitais e não aceitamos ficar para trás”, diz o comunicado deste grupo de trabalhadores precários em regime de falso outsourcing.

Os precários do CHO afirmam que “as empresas de outsourcing que nos medeiam não servem para nada, não contribuem para a prestação de qualquer serviço. Na verdade, a nossa relação com estas empresas limita-se à troca de recibos e conferência de salários. Estamos integrados na hierarquia do hospital e devíamos todos fazer parte dos quadros”.

“O Governo não pode continuar a fechar os olhos a esta situação. A regularização de todos os precários do Estado tem de incluir muitos trabalhadores subcontratados”, exigem os precários do CHO.

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