Está aqui

Polícia sul africana massacra mineiros em Marikana

Esta quinta feira, a polícia sul-africana disparou rajadas de metralhadoras sobre mineiros que estavam em greve na mina de Marikana, a cerca de 100 quilómetros de Joanesburgo. O massacre, que causou pelo menos 30 mortes, foi filmado por várias estações de televisão.
Foto EPA/Lusa.

Na passada sexta-feira, cerca de 3000 mineiros iniciaram uma greve, que foi considerada ilegal pela Lonmin, a empresa britânica proprietária da mina. Os mineiros, que reivindicam aumentos salariais, recusaram desmobilizar, ainda que tenham sido alvo de várias pressões, quer pela administração da empresa e pelas forças policiais, como pelo próprio Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM).

“Somos explorados, nem o Governo nem os sindicatos nos ajudam”, disse um dos mineiros, Thuso Masakeng, citado pelo jornal Público. “As empresas mineiras fazem dinheiro à custa do nosso trabalho e não nos pagam quase nada”, adiantou ainda.

Um verdadeiro “massacre”

Na quarta feira, um contingente de cerca de 3000 mil policiais foi enviado para as imediações da mina, alegadamente para pôr cobro aos confrontos entre o NUM e a Associação dos Mineiros e da Construção (AMCU), que, desde o início do protesto, já tinham resultado na morte de 10 pessoas.

Esta quinta feira, os policiais, fortemente armados e com o apoio de veículos blindados e de helicópteros, tentaram retirar as barricadas que foram montadas ao redor da mina. Ao serem confrontados por um grupo de grevistas munidos de catanas e paus, os policias dispararam rajadas de metralhadora que, segundo as autoridades sul africanas, causaram, pelo menos, 30 mortes.

O NUM culpabiliza a AMCU, formada por um grupo dissidente desta estrutura sindical, pelos acontecimentos registados esta quinta feira.

No início do dia, o presidente da AMCU, Joseph Matunjwa, afirmou que os mineiros não iriam recuar nas suas reivindicações. "Estamos preparados para morrer aqui se for necessário", sublinhou o dirigente sindical. Após o ataque contra os mineiros, a AMCU já veio acusar a polícia de promover um verdadeiro massacre.

O porta-voz da polícia nacional, capitão Dennis Adriao, e o Ministro da Polícia, Nathi Mthethwaalega, alegam, por sua vez, que os agentes dispararam em auto-defesa.

Mario Oriani-Ambrosini, deputado do Partido da Liberdade – Inkatha afirmou que "este horror não deve apenas chocar-nos. Deve fazer-nos pensar também na quantidade de vezes em que neste país se recorre à violência para lidar com os conflitos".

A Aliança Democrática apelou ainda a todos que "travem a escalada do conflito" e adiantou que "as famílias de todos os envolvidos, e a nação, merecem saber como e por que é que este banho de sangue aconteceu." Também o Congresso do Povo  já solicitou uma investigação independente sobre os acontecimentos.

Nic Borain, um analista político independente, afirmou que não se lembra “de outro confronto entre manifestantes e policiais desde 1994 que tenha chegado a esse ponto”.

Segundo a administração da Lonmin, a paralisação já resultou na perda de produção de 15 mil onças de platina, sendo que o preço da platina nos mercados mundiais registou um aumento de 15% esta semana. 

Termos relacionados Internacional
Comentários (1)