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Pais acusam escola em Portimão de racismo e discriminação

A Associação SOS Racismo divulgou denúncias de um grupo de pais e mães de alunos e alunas da Escola Básica Major David Neto em Portimão, que são vítimas de maus-tratos, racismo, xenofobia e discriminação.
A Escola Básica Major David Neto constituiu uma turma “onde colocou todas as crianças de etnia Cigana, crianças com deficiências e crianças de 'raça negra' e de 'raça branca' ( estas últimas apenas as que são transferidas de outras escolas)” - Foto esquerda.net
A Escola Básica Major David Neto constituiu uma turma “onde colocou todas as crianças de etnia Cigana, crianças com deficiências e crianças de 'raça negra' e de 'raça branca' ( estas últimas apenas as que são transferidas de outras escolas)” - Foto esquerda.net

Neste sábado, 20 de janeiro, a SOS Racismo divulgou as denúncias de um grupo de pais e mães de crianças do 4º ano da Escola Básica Major David Neto, em Portimão. A associação enviou as denúncias para a comunicação social e para outras entidades, nomeadamente para o Alto Comissariado da CICDR (Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial). A associação destaca que a responsável da escola ameaçou as crianças para que não digam nada fora da escola.

Segundo as denúncias dos pais, a Escola Básica Major David Neto constituiu uma turma “onde colocou todas as crianças de etnia Cigana, crianças com deficiências e crianças de 'raça negra' e de 'raça branca' ( estas últimas apenas as que são transferidas de outras escolas)”. Os pais e mães realçam que se trata de “o maior dos absurdos”, uma vez que consideram que “a mistura racial e cultural” enriquece a todos.

Os encarregados de educação referem também que tiveram conhecimento que os “meninos de etnia cigana comem de pé, alguns deles estrategicamente colocados ao pé do caixote do lixo”, sofrem maus-tratos no refeitório e são até agredidos.

Contam também que os alunos e alunas da referida turma são discriminados e obrigados a tomar as refeições em último lugar, só depois dos restantes alunos da escola, e que a comida do refeitório é insuficiente.

Apresentada queixa da situação, a responsável da escola “dirigiu-se à sala de aula procurando pela minha filha porque eu me identifiquei na queixa e os foi ameaçar/intimidar a todos que não poderiam contar aos pais o que se passa na escola”, salienta uma mãe.

As pessoas responsáveis da escola dizem que a turma é “muito problemática”, ao que as mães e pais das crianças questionam: “não foi a própria escola que os juntou estrategicamente? Não foi o refeitório que os colocou a comer em último? Que querem? Que os miúdos gozados e humilhados fiquem sossegados e quietos?”

As mães e pais desta turma estão a elaborar um abaixo-assinado,“porque para os pais desta turma pelo menos o negro, o branco e o cigano nada mais são do que crianças que brincam umas com as outras e se respeitam”, afirmam.

“Somos pessoas de bem que tentamos transmitir aos nossos filhos que, independentemente de cores, raças ou seja lá o que for, somos todos pessoas e que nos devemos respeitar. Podemos não ter estudos mas é para isso que, de alguma maneira, incutimos aos nossos filhos o gostar da escola, para poderem estudar e vemos tudo o que transmitimos aos nossos filhos ser destruído onde seria impensável: na ESCOLA”, concluem as mães e pais desta turma da Escola Básica Major David Neto.

Segundo a agência Lusa, os encarregados de educação apresentaram queixa da escola à direção regional de Educação do Algarve, que pediu esclarecimentos ao Agrupamento de Escolas Manuel Teixeira Gomes, à qual pertence a Escola Major David Neto.

A vereadora com o pelouro da Educação na Câmara de Portimão anunciou que tomará posição na próxima segunda-feira, 22 de janeiro.

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