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Páginas amarelas despedem 78 trabalhadores

Cerca de 100 trabalhadores protestaram, esta quarta-feira, frente à Portugal Telecom contra o processo de despedimento colectivo em curso. Em 2011, a redução de custos será de cerca de 22%.
Desde 2005, já foram despedidos 144 trabalhadores. Até ao final do ano, serão despedidos mais 78.

A vigília dos trabalhadores das Páginas Amarelas, SA, empresa pertencente à Portugal Telecom (PT), que detém 25% das acções, e ao consórcio belga Truvo, que detém as restantes acções – 75%, estava marcada para as 18h e chegou a prolongar-se até cerca das 21h30m.

Os cerca de 100 trabalhadores concentrados à porta das instalações da PT, no Fórum Picoas, manifestaram o seu repúdio perante a intenção da administração das Páginas Amarelas (PA) de avançar com um processo de despedimento colectivo, já a partir de dia 2 de Novembro, que abrange 78 trabalhadores. Para 2011, a administração das PA prevê uma redução de custos de cerca de 22%.

Processo pouco transparente

O processo de despedimento tem sido conduzido de forma pouco transparente. Os trabalhadores têm sido contactados individualmente pelo Director da PA de forma a negociar a rescisão dos contratos, tendo por base a aplicação de um rácio de 1,2 vezes o valor do salário por cada ano de trabalho.

A forma de cálculo proposta pela administração não tem em conta os subsídios e outros benefícios recebidos pelos trabalhadores e também não prevê, entre outros, o direito ao Seguro de Reforma dos trabalhadores com menos de 50 anos, que resulta das suas contribuições.

Os trabalhadores que não aceitam as condições propostas são alertados para o facto de virem a ser englobados num processo de despedimento colectivo que terá condições menos favoráveis.

A Comissão de Trabalhadores (CT) tem sido, inclusive, pressionada pela administração para dar o seu aval às negociações em curso, no entanto, a CT, considerando que não estão a ser cumpridos os procedimentos previstos por lei para um processo de despedimento colectivo, aguarda a formalização da fase de negociações, de forma a não prejudicar o seu poder de negociação, em detrimento dos interesses dos trabalhadores.

Precarização da Páginas Amarelas

A rescisão de contratos com trabalhadores tem sido justificada, ao longo dos últimos anos, com a necessidade de reestruturação, face à aposta nas novas plataformas de acesso a informação, e da consequente implementação de uma nova estrutura organizacional.

Apesar de a empresa afirmar que as novas oportunidades de negócio têm menos exigências a nível de recursos humanos, a verdade é que a PA continua a recorrer ao outsourcing e a trabalho temporário, sendo que o número dos trabalhadores abrangidos por estas formas de contratação é superior ao número de trabalhadores efectivos agora sujeitos ao processo de despedimento.

Esta realidade leva a suspeitar que exista uma tentativa de substituir os trabalhadores efectivos por trabalhadores precários, mais facilmente submetidos aos ditames da empresa.

Desresponsabilização da PT

Uma delegação de trabalhadores foi recebida, na quarta-feira, pela administração da PT. Durante esta reunião, que durou cerca de hora e meia, os responsáveis pela PT afirmaram ter votado, no conselho de Administração das PA (constituído por 2 membros da PT, 2 da Truvo e 1 independente) contra o processo de despedimento, não tendo tido, no entanto, direito de veto nesta matéria. Apesar da administração da PT se ter comprometido a contactar o director das PA, ficou claro que esta afirma não ter grande margem para negociar.
 

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