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Os ministros do Eurogrupo deviam passar uma semana num hospital público grego

O conservador e autoelogioso conclave do Eurogrupo diz ao faminto: Atenas não receberá mais ajuda até ser acordado um plano completo de reformas económicas. Onde “reformas” significam “cortes”, “cortes” e ainda mais “cortes”. Apertem o cinto até não conseguirem respirar. Por Keep Talking Greece.
Dijsselbloem e Varoufakis.

Mais um Eurogrupo, mais um… nada. O filme do costume, com os mesmos atores em cada e todos os meses. A mesma pressão sobre a Grécia: cumprimento integral do programa ou largar e sair. O conservador e autoelogioso conclave do Eurogrupo diz ao faminto: Atenas não receberá mais ajuda até ser acordado um plano completo de reformas económicas. Onde “reformas” significam “cortes”, “cortes” e ainda mais “cortes”. Apertem o cinto até não conseguirem respirar.

O inacreditável aconteceu: os chefes da UE classificaram o ministro das Finanças grego de “desperdiçador de tempo, jogador e amador”, no meio de avisos de que o Grexit é agora uma “opção séria”. Ouvi dizer que o presidente do Eurogrupo Jeroen Dijsselbloem mal conseguiu conter a sua raiva com o fracasso de Atenas em não entregar um plano de reformas económicas para garantir futuros financiamentos de emergência que permitam segurar a Grécia.

Ele terá dito: “É necessária uma lista completa e detalhada das reformas. Estamos todos conscientes de que o tempo se está a esgotar. Muito tempo foi desperdiçado. A responsabilidade está principalmente do lado das autoridades gregas”.

Segundo a Bloomberg, os ministros das Finanças do Eurogrupo reunidos em Riga consideraram que a forma como Varoufakis está a lidar com a situação é “irresponsável” e acusaram-no de ser “um desperdiçador de tempo, um jogador e um amador”. Se a Grécia não aceitar as dolorosas reformas, a fim de assegurar novos financiamentos, pode não ser capaz de reembolsar os 720 milhões de euros ao FMI, que vencem no próximo mês. O não pagamento levará ao default – e poderá empurrar a Grécia para fora do euro. (ThisIsMoney.co.uk).

Em cadeiras polidas e mesas de conferência brilhates, os bem pagos ministros das Finanças da zona euro brincam com os nervos do gregos.

E, depois, há a vida real na Grécia. Nos hospitais públicos, por exemplo. Onde os familiares dos pacientes têm que trazer os seus próprios lençóis, almofadas, toalhas, papel-higiénico e tudo o que um doente operado precisa para manter o mínimo de higiene. E há uma enfermeira e um médico nos turnos da tarde e da noite para 60 a 120 pessoas. E há pacientes sem familiares ou amigos ou meios financeiros para contratar uma enfermeira particular. E lá estão eles, impotentes e confusos, acamados à espera que lhes deem banho, lhes mudem as fraldas ou sejam alimentados.

E há os parentes desesperados, exaustos física e economicamente, tentando fornecer alguns cuidados básicos aos seus entes queridos. Vi uma mulher a chorar na varanda, dizendo que tinha gasto 1000 euros em enfermeiras e equipamento mais isto e aquilo, a fim de prestar cuidados à sua mãe, que foi operada a um osso partido. A senhora de 87 anos tem que passar mais uma semana no hospital, a sua filha já está economicamente falida.

Um médico disse-me que estão a aguardar pelo desbloqueamento da tranche do resgate, de modo que o governo contrate pessoal médico e de saúde. “Não é o que o Governo promete que importa. A questão principal é que temos problemas reais e reais aqui, falta de pessoal e material. Problemas que têm de ser resolvidos o mais rapidamente possível”.

PS: Eu tenho que manter em mente e informar o bom médico e a filha da paciente que Dijsselbloem está chateado por a Grécia não ter austeridade suficiente segundo as normas da UE…


Artigo publicado em Keep Talking Greece.

Tradução por esquerda.net

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