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ONU condena Trump por reconhecer Jerusalém como capital israelita

Conselho de Segurança da ONU manifestou-se preocupado com o risco de uma escalada de violência no Médio Oriente. Esta sexta-feira, os confrontos na Palestina causaram pelo menos um morto e mais de cem feridos.
Foto de Atef Safadi, EPA.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu de urgência esta-sexta feira, na sequência do anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Numa intervenção via videoconferência a partir de Jerusalém, o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Nickolay Mladenov, alertou que a decisão da administração norte-americana aumentou o risco de "radicalização perigosa" no Médio Oriente.

Mladenov exortou os dirigentes mundiais a demonstrarem “sabedoria" para manter a paz na região e, alertando que "há um sério risco de vermos uma série de ações unilaterais, que só podem nos afastar de alcançar nosso objetivo comum de paz", sublinhou que qualquer estatuto de Jerusalém deve despontar de um processo de negociação entre palestinianos e israelitas.

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"Essas decisões não são úteis para as perspetivas de paz na região", frisou, por sua vez, o embaixador do Reino Unido, Matthew Rycroft.

Já o embaixador do Egito, Amr Aboulatta, afirmou que a decisão terá um "impacto grave e negativo" no processo de paz.

Os embaixadores da França, Reino Unido, Itália, Suécia e Alemanha emitiram uma declaração conjunta, assinalando que a decisão dos EUA "não está conforme às resoluções do Conselho de Segurança" e que a mesma "não favorece a perspetiva de paz na região". Os embaixadores também pediram que "todas as partes e todos os atores regionais trabalhem em conjunto".

De acordo com o Washington Post, todos os outros 14 membros do órgão condenaram a decisão dos EUA, sendo que é primeira vez em dois anos que tal acontece.

Trump aceitou "o óbvio" ao reconhecer Jerusalém como capital de Israel

Não obstante as críticas, a embaixadora norte-americana Nikki Haley acusou a ONU de ter causado “mais danos do que possibilidades” no processo de paz no Médio Oriente.

Haley afirmou que a ONU mantém "hostilidades contra Israel" há "muitos anos" e defendeu a decisão de Trump de aceitar "o óbvio" ao reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.

"Os Estados Unidos têm credibilidade nos dois lados. Israel nunca será, e nunca deve ser, intimado num acordo das Nações Unidas, ou por qualquer conjunto de países que provaram o seu desrespeito pela segurança da Israel", acrescentou.

Pelo menos um morto e mais de cem feridos em confrontos na Palestina

De acordo com o ministério da Saúde palestiniano, um palestiniano de 30 anos foi abatido esta sexta-feira na cidade de Khan Yunes, na Faixa de Gaza. Os protestos na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém causaram ainda mais de uma centena de feridos.

Às pedras e cocktails molotov atirados por jovens palestinianos contra postos de controlo militares, os soldados israelitas responderam com balas de borracha, gás lacrimogéneo e, inclusive, munição real.

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Os principais confrontos na Cisjordânia tiveram lugar em Hebron, nas imediações de Belém. O Crescente Vermelho dá conta de 52 feridos por balas de borracha em Jerusalém e Cisjordânia, outros quatro feridos na sequência de agressões físicas e 178 assistidos por inalação de gás lacrimogéneo.

Segundo o porta-voz do ministério da Saúde palestiniano Ashraf al Qedra, na Faixa de Gaza registaram-se ainda 60 feridos, todos devido a munição real, dois dos quais de "gravidade extrema".

O Exército israelita informou, entretanto, que bombardeou posições militares na Faixa de Gaza, em resposta a tiros de 'rocket' disparados em direção a Israel.

Pelo menos 25 palestinianos, incluindo seis crianças, foram feridos neste ataque, de acordo com o Ministério da Saúde da Palestina.

A indignação com o reconhecimento por parte dos EUA de Jerusalém como capital israelita tem vindo a cruzar fronteiras. Esta sexta-feira, ocorreram protestos em Washington, Berlim, Londres e também em países como o Líbano, Egito, Bangladesh, Turquia, Iémen, Índia, Paquistão, Jordânia, Iraque, Afeganistão, Somália, Malásia e Indonésia.

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