Está aqui

“O problema não está na presidência do Eurogrupo, está no Eurogrupo”

“A pergunta que os portugueses fazem é se será Mário Centeno, por ser português e pertencer ao PS, pode fazer a diferença nesta instituição que só tem representado ataques à democracia e mais austeridade”, apontou a deputada Mariana Mortágua.
Fotografia de Tiago Petinga/Lusa.

A deputada bloquista comparou a situação com as atuações anteriores de portugueses como o social-democrata Durão Barroso, enquanto presidente da Comissão Europeia durante “o violentíssimo programa de austeridade” ou do socialista Vítor Constâncio, como vice-governador do Banco Central Europeu, tendo Portugal sido “obrigado a entregar o Banif ao Santander”.

“Não entendemos que a nacionalidade ou o partido seja critério. O critério é a natureza da instituição”, insistiu a parlamentar do BE, que considerou que “o problema não está na presidência do Eurogrupo, está no Eurogrupo, que é um grupo informal de ministros das Finanças que não estava previsto nos tratados, mas que concentra em si um enorme poder (...) e, muitas vezes, pondo em causa decisões democráticas” de outros países.

“A pergunta que os portugueses fazem é se será Mário Centeno, por ser português e pertencer ao PS, pode fazer a diferença nesta instituição que só tem representado ataques à democracia e mais austeridade”, apontou a deputada Mariana Mortágua. Entendemos que prevalece a natureza da instituição”, disse Mariana Mortágua aos jornalistas, esta segunda-feira, na Assembleia da República.

Para Mariana Mortágua, o Eurogrupo tem sido “porta-voz de interesses alemães”, lembrando declarações do ainda líder do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, também socialista, e os seus comentários sobre países do sul, como Portugal, e alegados gastos excessivos em “vinho e mulheres”.

“Em Portugal, [Mário Centeno] tem tido a sua ação muito condicionada pelos acordos celebrados à esquerda, nomeadamente com o Bloco de Esquerda, mas sabemos também que tem cumprido as metas impostas por Bruxelas, indo muitas vezes além, em detrimento de mais investimento nos serviços públicos, mais criação de emprego e crescimento económico”, avaliou.

Porém, segundo a atual líder da bancada bloquista, o compromisso assumido com o PS, na posição conjunta assinada em novembro de 2015, “é para valer“, “com as medidas de recuperação de rendimentos” e “nada mudou”, apesar de o Bloco ir continuar a ser “crítico” da atuação dos socialistas perante as instituições europeias.

O ministro das Finanças português, Mário Centeno, foi eleito presidente do Eurogrupo, organismo informal que junta responsáveis das tutelas dos 19 estados-membros, ao impor-se na segunda volta da votação realizada em Bruxelas, anunciou o Conselho da União Europeia.

Centeno foi o mais votado na primeira volta (oito votos), após a qual saíram da “corrida” a letã Dana Reizniece-Ozola e o eslovaco Peter Kazimir, tendo o ministro português derrotado o candidato luxemburguês Pierre Gramegna na segunda volta da eleição.

Mário Centeno, economista de 50 anos e quadro do Banco de Portugal, começará em 13 de janeiro um mandato de dois anos e meio, até meados de 2020, e vai presidir à próxima reunião do Eurogrupo, que terá lugar em Bruxelas, em 22 de maio.

Artigos relacionados: 

Termos relacionados Política
(...)