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O problema é a dívida privada, não a pública
O Wall Street Journal publicou um mapa interativo com a evolução da dívida pública e privada em percentagem do PIB de 1990 até 2012, referente a uma importante quantidade de países, incluindo os maiores e endividados como os Estados Unidos, o Japão, a Holanda, o Reino Unido, a Alemanha, a Espanha e a Itália, que reuni neste gráfico. A evolução da dívida pública e privada pode ser apreciada aqui, e é um dado que confirma o que temos assinalado em várias ocasiões: o problema não é a dívida pública mas sim a dívida privada. O caso espanhol é um exemplo claro dos problemas de uma dívida privada que supera os 353% do PIB, enquanto a dívida pública chega a 60,4% (fins de 2012).
Isto demonstra que a análise da dívida realizada por Reinhart e Rogoff é perfeitamente incompleta dado que só dá importância ao endividamento público (daí a exigência dos planos de austeridade) e não diz nem uma só palavra sobre os perigos da dívida privada. Torna-se necessário insistir uma vez mais na absoluta irrelevância de um “relatório”, com mais ideologia que autêntica teoria económica, que permitiu instaurar os planos de austeridade que hoje mantêm a Europa numa recessão tão brutal como desnecessária. O insólito é que Reinhart e Rogoff continuam a gozar de tribuna na imprensa dado que, ao que parece, ninguém foi capaz de lhes dizer que o seu engano grosseiro ficou a descoberto. Ninguém pergunta por que deixaram de fora a dívida privada, que é a que hoje paralisa a economia pelo efeito do desalavancagem. A seguir está uma imagem capturada do mapa interativo publicado pelo Wall Street Journal
Este gráfico oferece a opção de conhecer a evolução da dívida pública e privada para um país ou um conjunto de países de 1990 até 2012. Quanto mais à direita se encontrar um país no gráfico, maior será o seu endividamento privado (3,5 ou 4 vezes o PIB), caso de Espanha, Holanda e Dinamarca. Por sua vez, quanto mais acima se encontrar no mapa, como o Japão ou a Itália, maior será o seu endividamento público (1,9 ou 2 vezes o PIB). Note-se que os países localizados abaixo e à esquerda do mapa, como a Rússia, o Brasil, o Chile ou a Arábia Saudita, têm um baixo nível de endividamento público e privado.
A evolução da dívida permite ver que em países como os Estados Unidos, Japão, Espanha ou o Reino Unido ocorreu uma transferência de dívida privada a dívida pública através dos resgates e dos planos de flexibilização quantitativa. Este fenómeno aumentou o ónus de dívida e os défices dos países sem que haja mecanismos de compensação que permitam restabelecer os equilíbrios financeiros. Daí que os ajustes e planos de austeridade funcionaram ao contrário, como começou a reconhecer o FMI, quando assinalou que subestimou os multiplicadores fiscais, até admitir que subestimou o dano que os planos de austeridade provocariam na Grécia. É a forte contração do crédito no sector privado que mantém hoje a economia estancada e envolvida numa nova recessão.
6 de junho de 2013
Tradução de Luis Leiria para o Esquerda.net
Comentários
Bem boa esta tarte So falta
Bem boa esta tarte
So falta é desenhar a trajetória que aquela massa desfaz no céu da boca pois está Ta lá
Podia era dizer qual a
Podia era dizer qual a evolução da divida externa privada em Portugal e verificar que esta anda na casa dos 150% do PIB.
Por isso a ideia de que existe de falta de crédito externo na economia portuguesa é um mito...
Básicamente a divida externa total portuguesa tem um valor idêntico à espanhola, bem acima dos 300% do PIB
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