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“O país não é só o litoral”

Marisa Matias afirmou que “ninguém pode ser discriminado pelo sítio onde vive” e que “um país que não investe na sua gente, não é país”, salientando a falta de investimento no interior, seja na investigação, na saúde ou nos transportes.
Foto de Paulete Matos

A candidata presidencial esteve esta sexta-feira em Évora, onde, ao lado de Catarina Martins, Bruno Martins e Adel Sidarus, reiterou que “se as pessoas não puderem usufruir dos direitos que estão consagrados na Constituição, é porque eles não existem. Os direitos inscritos na Constituição têm de ser usufruídos por todos, porque só assim é que os direitos existem, não é só no papel, é na vida das pessoas”.

Marisa Matias, que durante a manhã visitou o Instituto de Ciências da Terra, afirmou que “é absolutamente desolador perceber que, em dez anos, o Alentejo todo, teve direito a 2,54% do orçamento dedicado à investigação”, quando a região tem “conhecimentos que não se encontram em mais lado nenhum no país”. “Não é assim que o país avança!”, considerou.

A candidata presidencial, que também esteve reunida com membros da Associação de Diabéticos do Alentejo, e com pais e mães de crianças com diabetes, mostrou-se igualmente incrédula com o facto de “o Centro de Colocação de bombas de insulina mais a sul que temos neste país ser no Barreiro”, o que obriga (pais e) crianças que residam em distritos como Évora ou Beja, a ter de se descolar até Lisboa para ser acompanhas. “Se a saúde está inscrita na Constituição como direito, é mesmo um direito, e não pode ser um factor de discriminação da população”, frisou.

Marisa Matias lembrou, ainda, que “os pais de uma criança que tenha diabetes, que queiram comprar uma bomba de insulina, têm de pagar 3200€”, mais os gastos mensais associados, o que considera ser “uma absoluta injustiça e uma absoluta discriminação, num país em que o Estado dispõe, por ano, de cerca de 100 bombas de insulina”. A eurodeputada destacou que uma solução para este problema custaria ao Estado cerca de 1 milhão de euros, que não há, mas “no entanto houve mais de 3 mil milhões de borla fiscal para o Novo Banco”. “Por aqui se veem as prioridades deste país”, concretizou. 

A candidata não deixou de comentar o facto de Marcelo, “o candidato independente”, ter recebido, esta sexta-feira, uma “recomendação [de voto] do PSD e do CDS, ou seja, daqueles que estiveram na origem do maior ciclo de empobrecimento que este país alguma vez viveu em tempo de democracia”. A candidata sublinhou que também não é uma candidata dependente mas, ao contrário da direita, “não sou dependente do sistema financeiro ou do lobby das farmacêuticas e nem estou aqui por nenhum interesse que não seja o interesse do país”, concluiu.

Já Catarina Martins, na sua intervenção, insistiu na necessidade do acesso ao contrato assinado entre o Fundo de Resolução bancário e o antigo governante Sérgio Monteiro, “ministro das privatizações” do Governo PSD/CDS”. A porta-voz do Bloco justificou este pedido, já endereçado ao Banco de Portugal, por considerar que “hábitos antigos na política não podem trazer uma política nova”, e prometeu um Bloco “tão exigente” como sempre foi.

Catarina Martins abordou também o compromisso assinado entre o Bloco e o PS para sublinhar que nada teria sido mais arriscado do que “ter ficado parado a ver a direita a governar”, e reiterou que o caminho, para já, passa pelo aumento do salário mínimo nacional.

Sobre Marisa Matias referiu que é “a candidata mais bem preparada”, e frisou, incentivando: “Tirámos à direita a maioria, tirámos à direita o governo, vamos agora ter uma presidente de esquerda”.

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