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“O CDS quer falar de tudo menos da floresta”

No encerramento do Fórum da Floresta, Catarina Martins afirmou que o país precisa “da coragem para mudar políticas” e acusou a direita de só falar em ”demissões e moções de censura para não ter de falar do que conta”.
Catarina Martins no Fórum da Floresta organizado pelo Bloco em Leiria. Foto Rui Miguel Pedrosa/Lusa

Catarina Martins falou no encerramento do Fórum da Floresta "Que políticas públicas?”, que juntou este sábado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Leiria, especialistas e ambientalistas para debater o futuro da floresta portuguesa e as mudanças necessárias para o assegurar.

Em declarações aos jornalistas, a coordenadora do Bloco foi questionada sobre a hipótese de uma moção de censura do CDS ao governo. Catarina disse desconhecer “se alguém leva muito a sério este anúncio" do CDS. Do que o país precisa é de "menos moções de censura e mais da coragem para mudar políticas", acrescentou.

"Quando a floresta é um problema, o CDS não quer reconhecer que o que fez nos eucaliptos foi um desastre e, portanto, quer falar de tudo menos da floresta. Quando a Proteção Civil é um problema e, por exemplo, o Bloco propõe acabar com as PPP para o Estado poder gerir melhorar a nossa segurança, o CDS também não vota connosco para mudar nada", lembrou Catarina Martins, concluindo que o CDS "fala de demissões e moções de censura para não ter de falar do que conta, que são as opções políticas e, desde logo, das opções políticas de que o CDS é corresponsável e que fragilizaram o país".

O encontro deste sábado focou vários aspetos relacionados com a política florestal em quatro painéis de debate durante o dia, com intervenções de académicos, dirigentes associativos e ambientalistas. Dos riscos da monocultura à adaptação às alterações climáticas, passando pela floresta enquanto produtora de matéria-prima ou os meios de combate a incêndios, a estrutura fundiária e o papel do Estado, o fórum contou ainda com intervenções de encerramento dos deputados bloquistas Heitor de Sousa e Carlos Matias.

“O Bloco é o único partido na Assembleia da República com propostas apresentadas sobre a floresta”, lembrou Catarina, sublinhando que o trabalho feito já permitiu criar consensosna sociedade em torno dos seus pontos essenciais: revogação da lei de Assunção Cristas que liberalizou os eucaliptos, o arrendamento compulsivo dos terrenos abandonados e criação de unidades de gestão florestal que agrupem vários terrenos no minifúndio.

“Há matérias mais difíceis, que têm a ver com os interesses financeiros muito poderosos das celuloses que querem transportar o eucalipto do interior para o litoral para aumentarem a sua produtividade sem diminuir a área de eucalipto do país e abandonando o interior, que perde uma fonte de rendimento”, acrescentou Catarina, garantindo que para o Bloco “isto é um problema”.

Em alternativa, a proposta bloquista passa por organizar o território, permitindo mais produtividade e diminuição da área do eucalipto transferido para o litoral. “Portugal já tem a maior área de eucalipto da Europa e uma das maiores do mundo”, recordou a coordenadora do Bloco, reclamando “uma visão para a floresta que não esteja subordinada aos interesses das celuloses”. O debate sobre política florestal está marcado para 19 de julho, e apenas as propostas do Bloco e do governo estão em cima da mesa.

Catarina Martins aproveitou esta iniciativa de debate sobre a floresta para reforçar o apelo ao governo no sentido de aproveitar as candidaturas aos fundos de prevenção de catástrofe da União Europeia para financiar a limpeza da rede primária e a elaboração do cadastro florestal: “Se fizermos esse trabalho agora e se tivermos no próximo orçamento esse pacote financeiro para o cadastro avançar a sério, para a limpeza da rede primária avançar a sério, o próximo verão não terá de ser igual a este. E é para isso que o Bloco de Esquerda está também a trabalhar”.

Tancos: "Demissões sem resposta é a pior das respostas, porque pode ficar tudo na mesma"

Questionada pelos jornalistas sobre as saídas de alguns responsáveis militares na sequência do roubo de armamento dos paióis de Tancos, Catarina não quis comentar, preferindo sublinhar que primeiro há que encontrar respostas para o que aconteceu e "assacar as responsabilidades de quem as teve no que sucedeu”.

“O Bloco tem dito que demissões sem resposta é a pior das respostas, porque pode significar que fica tudo na mesma. Sei que a direita tem tido um discurso de que resolve tudo pedindo rapidamente demissões, mas há opções políticas que têm vindo a ser tomadas ao longo dos anos e que devem ser mudadas”, prosseguiu Catarina, dando o exemplo da despesa associada aos compromissos com a NATO.

"É preciso perguntar se não temos posto à frente dos interesses do país para a lógica da Defesa os interesses da NATO, e com isso fragilizar as nossas funções essenciais. Estas são perguntas difíceis a que a direita não quer responder”, afirmou a coordenadora do Bloco, concluindo que "vir a correr pedir demissões sem querer saber o que aconteceu e sem debater a política que há para a Defesa, num país que gasta mais em percentagem do PIB na Defesa do que a Alemanha e não tem dinheiro para arranjar uma videovigilância e uma vedação, não é seguramente o que faz o bom trabalho ao país”.

“Queremos consequências políticas no sentido de discutir politicamente as nossas opções para as Forças Armadas e o próprio funcionamento das Forças Armadas”, resumiu a coordenadora do Bloco.

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