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O Bebedor de Horizontes, novo romance de Mia Couto

Um livro que invoca o passado para falar do presente, revelando as "falsas diferenças" que dividem hoje os moçambicanos. O novo romance de Mia Couto é apresentado esta quinta-feira, na sala do arquivo da Câmara Municipal de Lisboa.
Mia Couto considera que a literatura tem o poder de mostrar que as diferenças "são simplesmente superficiais ou circunstanciais". Foto de Wikimedia Commons.
Mia Couto considera que a literatura tem o poder de mostrar que as diferenças "são simplesmente superficiais ou circunstanciais". Foto de Wikimedia Commons.

O novo romance de Mia Couto, O Bebedor de Horizontes, é o último título da trilogia "As Areias do Imperador" e será apresentado esta quinta-feira à tarde, na sala do arquivo da Câmara Municipal de Lisboa. Ver evento.

A sessão está marcada para as 18h e abrirá com a apresentação de um trabalho com o título "Gungunhana. Uma Reportagem Fotográfica". Depois, contará com a participação do autor, à conversa com outro escritor, José Eduardo Agualusa, e com a jornalista Ana Sousa Dias. Os atores Zia Soares e Pedro Lamares lerão trechos da obra.

A primeira apresentação do livro teve lugar em Maputo, no passado dia 1 de novembro. Nessa sessão, Mia Couto afirmou que O Bebedor de Horizontes foi o seu maior desafio enquanto escritor: "Neste percurso de literatura, este é o desafio maior que eu tive; fiquei esgotado, mas alegre”.

A trilogia "As Areias do Imperador" foi iniciada em 2015, com o livro Mulheres de Cinza, ao qual se seguiu A Espada e Azagaia (2016).

O poder da literatura para denunciar as diferenças

A história d'O Bebedor de Horizontes gira em torno da prisão, em 1895, de Ngugunhane, último imperador de Gaza, região no sul de Moçambique, na época, bastião da resistência à presença colonial portuguesa.

"Estou a fingir que estou a falar de outras pessoas que já não estão connosco, mas estou a falar de nós próprios. Estou a mentir a dizer que estou a falar do passado, mas estou a falar do presente. É isso que me interessa e foi isso que me entusiasmou a escrever este livro", afirmou Mia Couto, citado pela Lusa. O livro revela as "falsas diferenças" que dividem os moçambicanos e que atualmente "se colocam mais uma vez na história de Moçambique".

O escritor considera que a literatura tem o poder de mostrar que as diferenças "são simplesmente superficiais ou circunstanciais".

"Não existe uma coisa chamada brancos, negros" ou outras divisões étnicas, "são construções históricas sempre chamadas à pedra quando se trata de fabricar conflitos, fabricar ódios, de sugerir que o caminho não é o diálogo, mas o confronto", sustentou, referindo ainda que a proposta do livro passa por “incentivar cada qual a conhecer melhor o próximo”.

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