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O 24 de Abril de Cavaco Silva
A eurodeputada da Esquerda Unitária (GUE/NGL) eleita pelo Bloco de Esquerda explicou que a insistência do presidente da República na imagem do consenso “fez lembrar os discursos de Marcelo Caetano do consenso e da união nacional, discursos salazarentos contra os quais se faz o 25 de Abril”. A união nacional, sublinhou, “só trouxe miséria, que acabou quando alguém decidiu romper o consenso, com um objectivo que também existe hoje, que é o de derrubar o governo”.
Comentando o discurso de Cavaco Silva na sua crónica semanal no programa Conselho Superior, Marisa Matias afirmou que em relação ao hipotético envio do orçamento de Estado para o Tribunal Constitucional não havia razão para ilusões porque o que estava em causa era “a imagem de sociedade que o presidente da República e o governo tentam criar: em nome da estabilidade há que evitar o escrutínio do Tribunal Constitucional seja a que preço for, procurando colocar-nos todos contra a parede”.
Essa sociedade do consenso tem “um fundo mais alargado”, visível nas comparações “às avessas” entre hoje e o 25 de Abril feitas por Cavaco Silva coexistindo com “um governo inconstitucional” que, tal como o de Caetano, também se considera “legítimo”, afirma a eurodeputada do Bloco de Esquerda.
Na verdade, acrescenta, o 25 de Abril “trouxe a ruptura do consenso e a desobediência”, graças às quais foi possível combater a miséria e instaurar a democracia. O 25 de Abril, disse Marisa Matias evocando a história de Robin dos Bosques, “foi quando os cordeiros se transformaram em leões, rompendo com o consenso falso – é disso que estamos a precisar agora”. Daí os votos da eurodeputada para 2014: “que seja o ano em que os cordeiros se transformem em leões com o objectivo de derrubar o governo”.
Artigo publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu.
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