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Nova ferramenta identifica hibridismos entre hominídeos

Estudo de genomas arcaicos permite identificar vantagens genéticas trazidas pelos cruzamentos entre subespécies.
Espécies atuais descendentes de primatas, descendentes de um ancestral comum. Da esquerda para a direita: gibão, humano, chimpanzé, gorila e orangotango. Foto de Wikimedia Commons.

Há cerca de 50 mil anos, homínidros como os Neandertais ou os hominídeos de Denisova cruzavam-se, o que veio a trazer vantagens genéticas para os humanos modernos. Um exemplo é o do gene EPAS1, introduzido no material genético humano pelos hominídeos de Denisova e que veio a dar uma vantagem selectiva aos tibetanos, tornando-os menos propensos à hipóxia em altas altitudes.

Num novo estudo publicado na revista Molecular Biology and Evolution, os biólogos computacionais Fernando Racimo, Davide Marnetto e Emilia Huerta-Sánchez desenvolveram ferramentas estatísticas e simulações para identificar as assinaturas destas regiões genómicas resultantes de cruzamentos entre subespécies (ou introgressões).

"Queríamos saber se os padrões de variação genética observada no gene EPAS1 poderiam ser usados para identificar outras regiões de introgressão que também foram benéficas para os seres humanos modernos” explicou Emilia Huerta-Sánchez.

"Olhámos para longas regiões genómicas de algumas populações humanas atuais que pareciam extremamente semelhantes aos genomas dos hominídeos de Neanderthal ou de Denisova, e também muito diferentes dos genomas de outras populações atuais", detalhou Fernando Racimo, o primeiro autor do estudo.

Os investigadores também adaptaram a ferramenta para, com o mesmo objetivo, examinar mil genomas, e nessa análise identificaram e expandiram o número de genes que classificaram como candidatos promissores a regiões de introgressão. Estes incluem principalmente os genes envolvidos no metabolismo da gordura, na pigmentação e no sistema imunitário. Os autores argumentam que essas mudanças no genoma podem ter permitido aos humanos arcaicos sobreviver na Eurásia durante o Pleistoceno e podem ter sido passadas para as populações humanas atuais durante a expansão para fora da África. Esta abordagem é suficientemente versátil para permitir começar a rastrear assinaturas de outras espécies e para fornecer informação sobre sua biologia e história evolutiva.

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