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Negociações em Washington "servem Israel e EUA"

Na véspera do reinício das negociações directas entre israelitas e palestinianos os eurodeputados da Esquerda Unitária discutiram o assunto em Bruxelas. "As actuais negociações", defendeu Miguel Portas, "são apenas do interesse de Israel e dos EUA".
Al-Farisiya, Agosto de 2010

Luisa Morgantini, antiga vice-presidente do Parlamento Europeu (PE) e ex-deputada da Esquerda unitária GUE/NGL, esteve reunida com os eurodeputados do grupo a que presidiu para falar sobre os últimos acontecimentos em Israel e na Palestina e destacou os esforços feitos por movimentos palestinianos de resistência pacífica como sendo a “única forma  de avançar sem despertar confrontos com os israelitas”.

"Num conflito cuja responsabilidade continua a pairar sobre a comunidade internacional, que assiste apática ao incumprimento total das resoluções e dos acordos por parte das autoridades israelitas”, a antiga eurodeputada alertou para o avanço da extrema direita em Israel e a consequente diminuição da liberdade de expressão dos jovens que estão do lado dos palestinianos e defendem uma resolução não armada do conflito. A ex-vice-presidente do PE contou que mais de 150 professores universitários israelitas assinaram, esta semana, um manifesto no qual apoiam os artistas que se recusam a fazer apresentações nas colonatos da Cisjordânia, particularmente em Ariel, onde foi recentemente foi inaugurado um centro cultural, dando assim mais um sinal de que existe resistência dentro do país.

Na véspera do reinício das negociações de paz entre israelitas e palestinianos em Washington, Luisa Morgantini lamentou o ataque militar que vitimou quatro israelitas perto de Kiryat Arba, um colonato a sul de Hebron, e condenou as declarações de Netanyahu sobre a construção de novos colonatos na Cisjordânia, vistas pelo Hamas como um boicote prévio para a retoma das conversações, paradas há 20 meses. "As actuais negociações são apenas do interesse de Israel e dos EUA e as declarações do líder israelita mostram bem o seu entendimento sobre o processo de paz”, defendeu o  eurodeputado Miguel Portas lembrando as condições desumanas em que os palestinianos vivem, sem qualquer poder sobre o uso de água ou electricidade na região.

Luisa Morgantini valorizou os esforços do primeiro ministro da Autoridade Palestiniana, Salam Fayyad, na construção de infra-estruturas apesar da ocupação e relembrou a necessidade de os acordos de Oslo serem efectivamente reconhecidos e aplicados. Reafirmou que “chegou a altura de os palestinianos se dotarem de um Estado próprio e viverem em liberdade - mais de 65 por cento da população nunca conheceu a liberdade e vive em casas destruídas". Por isso, acrescentou, "devemos suspender o acordo de associação entre a União Europeia e Israel e cobrar aos israelitas o preço da ocupação”.

A antiga eurodeputada liderou, há duas semanas, a delegação italiana ao Vale do Jordão e que na cidade de Al-Farisya entrou no terreno após a demolição de mais de uma centena habitações e estruturas palestinianas pelo exército israelita.

Artigo publicado no portal do Bloco de Esquerda no Parlamento Europeu

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