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“Não queremos praças da jorna, não queremos viver no século XIX”

Catarina Martins esteve com os estivadores em greve no porto de Setúbal e manifestou preocupação com a interrupção das negociações.
Estivadores em greve no porto de Setúbal esta terça-feira. Foto esquerda.net

A luta dos estivadores contra a precariedade no porto de Setúbal continua, após as empresas terem interrompido as negociações com o sindicato. Esta quarta-feira, a coordenadora bloquista esteve ao lado dos estivadores e considerou que “não é aceitável que em nenhum sítio do país, em nenhuma atividade, alguém esteja a trabalhar ao dia, como aqui no porto de Setúbal. É contra o mais básico da nossa legislação, dos direitos de cada um dos trabalhadores e trabalhadoras”.

“Estamos muito preocupados por terem sido paradas as negociações”, prosseguiu Catarina Martins, dirigindo-se aos estivadores de Setúbal, sublinhando que “sabemos que não é do vosso lado que as negociações estão paradas”.

Acompanhada pelos deputados José Soeiro, Sandra Cunha e Heitor de Sousa, a coordenadora do Bloco defendeu que “é preciso voltar às negociações” e saudou a luta destes trabalhadores que estão a passar por “dias muito difíceis”.

“Quando um trabalhador levanta a cabeça pelos seus direitos, está a fazê-lo por si e está a fazê-lo pelo país todo”, prosseguiu Catarina, concluindo que “não queremos praças da jorna, não queremos viver no século XIX”.

António Mariano, dirigente do SEAL, afirmou que a greve ao trabalho suplementar “permitiu provar uma coisa: todos os trabalhadores são necessários todos os dias. Todos eles tiveram sempre trabalho todos os dias”.

Quanto ao impasse negocial provocado pela administração da empresa de trabalho portuário, Antonio Mariano afirmou que “os trabalhadores estão disponíveis e já podiam estar a trabalhar hoje e ontem. As empresas não quiseram”.

“O problema é o modelo que se quer implementar nos portos”, assente na precariedade extrema e nas práticas recorrentes de assédio patronal, prosseguiu o sindicalista.

Quanto às negociações para integrar os precários do porto de Setúbal, a administração já aceita o número que o sindicato colocou há vários meses em cima da mesa: a integração de 56 trabalhadores. A questão é o que vai acontecer aos outros 100 estivadores precários que ficam de fora, explicou o sindicalista.
 
"Tem de haver uma solução global. Os 56 é um número que nós até consideramos aceitáveis, não exigimos a admissão de todos. Mas os restantes têm de ser protegidos neste processo, senão daqui a três meses, quando voltarem a Setúbal, já cá não está nenhum”, prosseguiu António Mariano.

“É só isso que se pretende: prioridade para o trabalho em relação aos trabalhadores que cá estão hoje. E o trabalho regular deles vai provar que esse contrato sem termo também se justifica para muitos mais aqui”, concluiu o dirigente do SEAL.

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