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Mossul: Mais de 300 civis mortos num mês

Segundo a ONU, pelo menos 300 civis foram mortos na ofensiva contra o Daesh (Estado Islâmico) na parte ocidental da cidade. A Amnistia Internacional critica as forças da coligação por não terem tomado “as precauções adequadas para prevenir as mortes de civis, violando o direito internacional humanitário”.
Socorristas iraquianos procuram corpos de vítimas nos escombros de casas destruídas durante os combates. No dia 25 de março de 2017, mais de 150 civis morreram vitimados pelos bombardeamentos da coligação liderada pelos EUA – Foto de Omar Alhayali/Epa/Lusa
Socorristas iraquianos procuram corpos de vítimas nos escombros de casas destruídas durante os combates. No dia 25 de março de 2017, mais de 150 civis morreram vitimados pelos bombardeamentos da coligação liderada pelos EUA – Foto de Omar Alhayali/Epa/Lusa

Amnistia diz que não foram tomadas medidas para prevenir morte de civis

Em comunicado, a Amnistia Internacional (AI) acusou a coligação liderada pelos EUA de “crimes de guerra”, porque as “forças da coligação não tomaram as precauções adequadas para prevenir as mortes de civis, violando o direito internacional humanitário”.

Segundo a AI, centenas de civis morreram nas suas casas vitimadas pelos bombardeamentos da coligação e depois de o Governo do Iraque lhes ter dito para ficarem em casa e não fugirem durante a ofensiva contra o Daesh em Mossul.

“As provas reunidas a este de Mossul mostram uma pauta constante e alarmante de ataques aéreos da coligação, liderada pelos Estados Unidos, que destruíram casas inteiras com famílias que se encontravam no seu interior”, declarou a conselheira de resposta a crises da AI, Donatella Rovera, segundo a Lusa.

Um cidadão, Waad Ahmed al Tai, residente do bairro de al Zahra, a este de Mossul, declara: “Seguimos as instruções do Governo, que nos disse para ficarmos em casa e evitarmos fugir”.

O comunicado da AI refere o bombardeamento da aviação dos EUA, no sábado passado 25 de março de 2017, que vitimou pelo menos 150 civis e aponta:

“O Governo iraquiano e a coligação devem investigar de imediato e de forma independente e imparcial o terrível número de baixas civis durante a ofensiva de Mossul”.

Donattela Rovera afirma: “O Estado Islâmico recorre à utilização de civis como escudos humanos. Numa zona residencial densamente povoada, os riscos para a população civil são enormes”. No entanto, salientou que o que o Daesh faz “não isenta as forças iraquianas e a coligação da sua obrigação de não lançar ataques desproporcionadas”.

Entre 17 de fevereiro e 22 de março, pelo menos 307 pessoas foram mortas

Segundo a ONU, na ofensiva contra o Daesh (Estado Islâmico) na parte ocidental de Mossul mais de 300 civis foram mortos e o número de vítimas pode subir para mais de 400 pessoas.

"De acordo com informação confirmada pelo gabinete dos Direitos Humanos da ONU e da Missão de Assistência da ONU no Iraque, pelo menos 307 pessoas foram mortas... entre 17 de fevereiro e 22 de março", indicou o gabinete das Nações Unidas em comunicado, de acordo com notícia da Lusa.

O gabinete refere ainda que recebeu relatórios referindo que mais 95 civis terão sido mortos entre 23 e 26 de março, em quatro bairros na parte ocidental de Mossul e 273 pessoas terão ficado feridas.

Segundo o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al Hussein, as vítimas resultam de ataques do Daesh ou de bombardeamentos aéreos.

Segundo a ONU, o Daesh obriga as pessoas a ficarem nas suas casas e tomam posições, com armamento, nos telhados.

O Alto Comissário condenou, em comunicado, a prática do Daesh e advertiu que a coligação deve ter muito cuidado ao planear os seus ataques.

"A estratégia do EI de usar crianças, mulheres e homens para se proteger dos ataques é cobarde e vergonhosa. Vai contra os mais básicos padrões da dignidade humana e da moralidade. À luz da lei internacional estes atos podem constituir crime de guerra", afirmou Zeid Ra'ad Al Hussein, e realçou que a condução de "operações militares em áreas densamente povoadas continua a pôr em grave risco os civis que permanecem nestas áreas".

Também nesta terça-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) informou que mais de 286 mil pessoas foram deslocadas das suas casas devido às operações para libertar Mossul do Daesh, que começaram a 17 de outubro último.

Segundo a Lusa, cerca de 600 mil pessoas permanecem nas áreas da parte ocidental de Mossul, sob controlo do Daesh, incluindo 400 mil que estão encurraladas na cidade velha, em condições semelhantes a um cerco.

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