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Milhares de professores em greve juntaram-se ao protesto em Lisboa

Em dia de greve nacional, que contou com uma adesão de 90%, milhares de professores concentraram-se junto do parlamento, aprovando resolução que declara “firme determinação” na recuperação dos 9 anos de serviço com as carreiras congeladas. Catarina Martins e Joana Mortágua juntaram-se ao protesto, em solidariedade.
Foto de Paulete Matos.
Foto de Paulete Matos.

A concentração de professores em frente à Assembleia da República, na manhã desta quarta-feira, coincidiu com uma greve nacional, convocada por todos os sindicatos do setor, no dia em que o parlamento discutiu, em sede de especialidade, a proposta do Orçamento do Estado para 2018 na Educação.

Em frente do parlamento, foi colocada uma faixa de grandes dimensões com a inscrição “não ao apagão” e “os professores merecem respeito”. Gritando “a luta continua, os professores estão na rua”, os docentes mostraram cartões vermelhos com o seu tempo de serviço inscrito e os anos de trabalho que não querem ver “apagados”. Nas escadarias do parlamento, foram colocados ‘placards’ com a informação das escolas encerradas pela greve, um pouco por todo o país.

No local, estiveram representantes das várias estruturas sindicais, da Federação nacional dos Professores (Fenprof), da Federação Nacional da Educação (FNE) e da Frente Sindical de Docentes, constituída no mês passado e que integra também o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE).

Durante a concentração foi ainda aprovada uma resolução, por cerca dez mil professores, segundo cálculos da Fenprof, na qual estes exigem a contagem integral do tempo de serviço que cumpriram para efeitos de reposicionamento e progressão na carreira. Os professores acrescentam no documento que, para satisfação desta “justa reivindicação”, declaram-se “abertos à negociação de uma recuperação faseada do tempo” que a carreira esteve congelada, cita a Lusa.

Os professores reiteram, no entanto, estarem indisponíveis para a perda, ainda que parcial, de anos de serviço que foram cumpridos com “inegável e reconhecido mérito” e apontam ainda outras exigências relacionadas com a aposentação, os horários de trabalho e com a necessidade de aprovação de “um regime justo e transparente de concursos para todos os docentes”.



A adesão à greve dos professores rondou os 90 por cento, de acordo com os dados recolhidos pela Fenprof, no primeiro tempo da manhã. “É natural que venha ainda a subir”, disse à Lusa o seu secretário-geral. Para Mário Nogueira, trata-se de uma “greve histórica de professores” com os estabelecimentos do pré-escolar e primeiro ciclo praticamente fechados em todo o país, mas também escolas do segundo e terceiro ciclo e secundário. “Para uma greve de professores fechar escolas, tem de ter uma adesão extraordinária”, frisou o dirigente sindical.

Segundo Mário Nogueira, a elevada adesão dos professores ao protesto convocado pelos vários sindicatos faz com que as estruturas sindicais se apresentem agora “mais fortes” nas negociações com o Governo.

Durante a manhã, no parlamento, a secretária de Estado Adjunta e da Educação prometeu que vai ser feita “uma contagem do tempo de serviço” dos professores de forma faseada, e que esta será negociada com os sindicatos. Em breve, os professores poderão também aceder aos 5.º e 7.º escalões da carreira, uma vez que deverá ser retirado o travão de acesso a esses escalões, disse ainda Alexandra Leitão.

Catarina Martins:  “Não podemos ignorar quem constrói a escola pública”

A Coordenadora Nacional do Bloco de Esquerda e a deputada Joana Mortágua juntaram-se ao protesto dos professores, em solidariedade com a sua luta. “Não podemos ignorar quem constrói a escola pública”, afirmou Catarina Martins, em declarações aos jornalistas, junto aos manifestantes. Para o Bloco, “não é aceitável ignorar a carreira dos professores”, frisou.

Catarina Martins considera justa a luta dos docentes e lembrou que chegou a questionar diretamente, no parlamento, o Primeiro-ministro, António Costa, sobre o descongelamento da carreira docente.

A Coordenadora do Bloco defende que o Ministério da Educação tem de encontrar uma solução para os professores não serem penalizados no tempo de serviço e que este “tem de negociar com os sindicatos”. O “sinal dado” [pelo Governo] é positivo, afirmou, deixando ainda um alerta: “Mas é preciso que a negociação aconteça mesmo”.



 

Manifestação de professores no Parlamento| ESQUERDA.NET

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