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Marx pela imprensa livre

Além de defensor da imprensa livre, Karl Marx foi ele próprio jornalista. Os seus trabalhos de jornalista e cronista foram fundamentais para a formação de Marx. Do mesmo modo que os jornais da época foram uma importante fonte dos seus estudos. Artigo de Bruno Góis.
“A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores", defendia Karl Marx.

Após concluir o seu doutoramento em filosofia e tendo-lhe sido fechadas as portas da academia, Marx inicia a sua carreira no jornalismo e torna-se redator-chefe d’ A Gazeta Renana em 1842.

O jornal será fechado após publicar uma série de críticas ao governo da Prússia, em 1843. A causa do encerramento do jornal está diretamente ligada à luta de classes. A burguesia alemã, até então apoiante desse órgão de comunicação ligado à democracia radical, mudou de campo para conciliar com o regime vigente. Essa experiência foi uma importante aprendizagem para Marx e também teve papel na digressão que iniciou pela geografia, pelo pensamento e na luta política.

Anos mais tarde, também a Nova Gazeta Renana, diário publicado por Marx em Colónia entre 1 de junho de 1848 e 19 de maio de 1849, deixará de ser publicada na sequência da expulsão de Marx do país e da ameaça de prisão e extradição dos demais membros do jornal. A edição de 19 de maio ficará conhecida o a edição vermelha por ter sido impressa nessa cor, em protesto.

Além destes episódios, importa referir que na obra de Marx devem ser considerados importantes artigos de jornalismo político que fará mais tarde, nomeadamente para o New York Daily Tribune.

Marx, na juventude, falando sobre o potencial da imprensa deixou-nos palavras fortes que acompanham a sua prática em prol da livre divulgação das ideias: “A função da imprensa é ser o cão-de-guarda, o denunciador incansável dos opressores, o olho omnipresente e a boca omnipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”.

A liberdade de imprensa e de opinião são imprescindíveis à democracia. O poder dos grandes grupos económicos (ora com a mão do poder político, ora com a mão do dono) cerca em grande medida o potencial da liberdade de imprensa. Parte desse problema são limitações que o capitalismo impõe à democracia, mas há todo um campo para resistência e para avanço dessa liberdade. A existência de imprensa alternativa e a defesa da profissão de jornalista são elementos fundamentais da luta pela liberdade.

Artigo publicado em Contradição.

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Sobre o/a autor(a)

Investigador. Mestre em Relações Internacionais. Doutorando em Antropologia. Ativista do coletivo feminista Por Todas Nós. Dirigente do Bloco de Esquerda.
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