Marisa rejeita tentativa de Schäuble para “acicatar os mercados”

29 de junho 2016 - 22:21

Numa declaração à Bloomberg, corrigida mais tarde pelo próprio, o ministro alemão das Finanças colocou o cenário de um novo memorando em Portugal. O Presidente da República diz que o episódio faz parte “da lógica da especulação político-económica” que antecede as decisões da Comissão. Para e eurodeputada Marisa Matias, trata-se de “obsessão ideológica” para chantagear o povo português.

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Foto Paulete Matos

“Sei que já desmentiram as suas declarações, mas não faz sentido neste contexto estar ainda a criar mais instabilidade social e nos mercados. Há uma enorme obsessão ideológica e uma vontade permanente de colocar pressão e chantagem em relação ao povo português”, afirmou Marisa Matias, citada pela agência Lusa.

A eurodeputada bloquista reagia às declarações do ministro Schäuble, que a agência Bloomberg citara a dizer que Portugal “está a pedir um novo programa” e que “vai consegui-lo”. Mais tarde, Schäuble esclareceu que “os portugueses não o querem e não vão precisar [de um segundo resgate] se cumprirem as regras europeias”, deixando a ameaça num tom mais suave: "Eles têm de cumprir as regras europeias ou então vão ter dificuldades”.

“São declarações que só se percebem num quadro de tentar acicatar os mercados uma vez que a execução orçamental em Portugal está a correr bem”, acrescentou Marisa Matias, recordando os dados da diminuição do défice em maio.

Para o Presidente da República, as declarações e desmentidos de Schäuble não são novidade em vésperas de decisões da Comissão Europeia. “Isto é um filme que nós já vimos. Já é para aí a terceira, quarta ou quinta vez que assistimos a isso. Portanto, deve ser encarado relativizando”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

"Faz parte da lógica da política e da lógica da especulação político-económica, ali nos últimos oito dias antes de uma decisão, haver as notícias e os comentários mais variados”, prosseguiu o Presidente da República, apelando a "manter a serenidade" em vez de ”correr atrás das especulações ou de pressões”.  Marcelo sublinhou ainda que a decisão de Bruxelas de aplicar sanções por incumprimento do défice de 2015 é apenas uma primeira leitura da Comissão, num processo que se pode arrastar pelo menos até setembro, quando o Conselho Europeu reunir.