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Lições Contra o Preconceito

As alunas e alunos da Escola Secundária de Vagos decidiram não ficar indiferentes ao que aconteceu com as colegas e nós também não iremos ficar. Por Mariana Olho Azul
Foto de Paulete Matos
Foto de Paulete Matos

Ao longo dos últimos anos temos assistido a progressos feitos na legislação, no que visa os direitos LGBTQ. Porém, não foi ainda possível eliminar os preconceitos profundamente inseridos na nossa sociedade. Todas e todos nós temos conhecimento dos crimes de homofobia que continuam a existir. O último numa escola. Um local que nos deveria transmitir valores como a igualdade e a liberdade e que, no entanto, privou duas alunas de demonstrações de afeto.

Não foi o único. Quem anda pelos corredores das escolas sabe que comportamentos homofóbicos podem chegar de toda a parte. Quer seja por insultos feitos diretamente às vítimas ou pela desigualdade como um caso de homofobia é tratado, muitas vezes esquecido.

Somos incentivados a “ouvir e calar” e a não nos manifestarmos quando não estamos de acordo com o que nos foi imposto, tal como aconteceu em Aveiro, onde quem protestou pacificamente contra a direção acabou ameaçado com um processo disciplinar. Tudo isto cria retração, neste caso, o receio dos envolvidos de darem testemunhos.

O que aconteceu em Aveiro ajuda-nos a chegar à conclusão de que as escolas portuguesas não estão ainda preparadas para lidar com a diferença, o que se encontra também evidenciado em aspetos como, por exemplo, as aulas de educação sexual, obrigatórias no currículo, que quase sempre invisibilizam as relações homossexuais, normalizando as heterossexuais.

Quando somos formados por professoras e professores menos tolerantes e pior preparados que nós para lidar com as diferentes orientações sexuais que compõem a nossa comunidade estudantil, percebemos que há ainda muito caminho a percorrer e alterações a fazer.

Apesar de todas estas objeções e, ao contrário da indiferença de que nos acusam, há cada vez mais jovens a lutar contra todos os tipos de opressão e injustiça. Como consequência do acesso universal à informação, estamos mais conscientes e politizados, sendo rostos assíduos do ativismo.

As alunas e alunos da Escola Secundária de Vagos decidiram não ficar indiferentes ao que aconteceu com as colegas e nós também não iremos ficar. Os jovens do bloco estão a preparar ações de solidariedade para que, dia 5 de junho, em escolas de todo o país, demonstremos o nosso apoio a todas as vítimas de homofobia. Participa nesta luta. Contribui para uma #EscolaSemHomofobia

Por Mariana Olho Azul

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