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Itália: Ministro do Interior lança campanha anti-imigração e ataca Balotelli

“Acabou a festa para os imigrantes clandestinos. Preparem-se para fazer as malas”, afirmou Matteo Salvini. O líder da Liga Norte, e vice-presidente do governo, elegeu Balotelli como um dos seus “inimigos”, face às declarações do futebolista contra o racismo e por alterações às leis da imigração.

"Ou a União Europeia nos ajuda ou escolheremos outras vias", afirmou o líder do partido de extrema direita Liga Norte este fim-de-semana durante uma visita à Sicília.

"Ou nos dão uma mão para controlar as fronteiras e pôr em segurança o nosso país ou teremos de escolher outras vias", reforçou, anunciando ainda o encerramento dos portos italianos aos barcos das organizações não-governamentais que resgatam imigrantes no Mediterrâneo.

No sábado, durante um comício no Norte, Matteo Salvini já tinha deixado uma mensagem contundente: “Acabou a festa para os imigrantes clandestinos. Preparem-se para fazer as malas”.

Já na segunda-feira, o vice-presidente do Governo italiano anunciou que vai trabalhar com o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, para "mudar as regras da União Europeia" (UE) em matéria de imigração.

Durante a campanha eleitoral, Salvini defendeu a expulsão de, pelo menos, 500 mil imigrantes do país. Após ser empossado, esclareceu que pretende diminuir o número de entradas de refugiados, aumentar os centros de expulsão, bem como diminuir as despesas com refugiados e solicitantes de asilo.

Salvini elege Balotelli como "inimigo"

Após ser vítima de racismo no jogo entre Itália e Arábia Saudita, o futebolista Mario Balotelli pediu que a sociedade italiana seja “mais aberta” e “capaz de integrar” os imigrantes. Sobre a possibilidade de vir a ser capitão da seleção italiana, assumiu que este poderia ser “um sinal importante para todos os migrantes que vêm para a Itália”.

Esta hipótese não foi bem acolhida por Matteo Salvini, que, afirmando não estar em causa a cor da pele, se justificou afirmando que Balotelli não é "humilde" e que o capitão tem de ser “representativo”. Durante um comício, o Líder da Liga apontou o futebolista como um dos seus opositores, levando os membros do partido de extrema-direita a vaiar o jogador.


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“Temos tantos inimigos e adversários”, afirmou o vice-presidente do Governo italiano na segunda-feira em Darsena, referindo-se ao futebolista Mario Balotelli, ao escritor Roberto Saviano, que apelou à resistência “a este ministro do Interior que quer afogar pessoas” e ao magnata George Soros.

Posteriormente, durante a apresentação de um livro que apresenta um capítulo sobre a sua vida e o racismo a que foi sujeito, Balotelli referiu que, apesar de ter nascido e crescido em Itália, só viu reconhecida a sua cidadania italiana aos 18 anos, o que lhe causou grande sofrimento. O futebolista defendeu alterações à legislação vigente.

A proposta mereceu a resposta imediata de Salvini:

"Caro Mário, 'ius soli' [jus soli, ou direito do solo, que concede cidadania a qualquer pessoa nascida no território de um país] não é a minha prioridade nem a dos italianos. Cumprimentos e divirta-se a perseguir a bola", escreveu o líder da Liga na sua conta de twitter.

Governo italiano apresentou-se perante Senado

O Senado aprovou esta terça-feira o voto de confiança no Governo do primeiro-ministro Giuseppe Conte com 171 votos favoráveis e 117 contrários, com 25 abstenções. Na quarta-feira será a vez de a Câmara dos Deputados, onde o Movimento Cinco Estrelas (M5S) e a Liga têm uma maioria confortável, se pronunciar.

Giuseppe Conte discursou entre os dois vice-presidentes do governo: Luigi di Maio, líder do M5S e ministro do Trabalho e da Indústria, e Matteo Salvini, líder da Liga Norte e ministro do Interior.

Conte anunciou uma mudança radical em Itália e apontou como prioritárias a introdução de um “rendimento universal" e a contenção do fluxo de imigrantes irregulares.

O primeiro-ministro italiano referiu que a Itália irá reivindicar a revisão das regras europeias sobre imigração e a introdução de um sistema “automático” e “obrigatório” de distribuição de refugiados na União Europeia (UE).

Conte atacou ainda as organizações não-governamentais que dão apoio aos migrantes no Mediterrâneo, destacando que vai combater o “negócio da imigração”.

Reforçando o apoio da Itália à Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) e aos EUA, Conte afirmou que a Itália "abrirá portas à Rússia" e promoverá a revogação das sanções. 

O primeiro-ministro italiano comprometeu-se ainda com a redução da dívida pública do país, “mas tendo em vista o crescimento económico”. “A política fiscal e de despesa pública deve ser voltada para a busca de objetivos estabelecidos para o crescimento estável e sustentável”, frisou.
 

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