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Israel ataca campo de refugiados após declarar cessar-fogo

Uma criança morta e, pelo menos, 30 pessoas feridas num ataque a um campo de refugiados em Gaza, minutos após o início de um cessar-fogo unilateral israelita. A “trégua” foi precedida esta segunda-feira de manhã de 23 raides aéreos sobre a faixa de Gaza e de fogo de artilharia, segundo um porta-voz do exército israelita.
O ataque atingiu uma casa no campo de refugiados de Shati, matando uma rapariga de 8 anos, relatou à AFP Ashraf al-Qudra, porta-voz dos serviços de emergência palestinianos.

O ataque atingiu uma casa no campo de refugiados de Shati, matando uma rapariga de 8 anos, relatou à AFP Ashraf al-Qudra, porta-voz dos serviços de emergência palestinianos.

Testemunhas afirmaram tratar-se de um ataque aéreo israelita. O exército israelita ainda não comentou o incidente, informando apenas que iria investigar o sucedido.

Esta segunda-feira, o exército israelita anunciou um cessar-fogo unilateral com a duração de 7 horas, começando às 08:00.

Apesar do cessar-fogo, o Hamas, que governa Gaza, disse que iria aceitar a manutenção do cessar-fogo mas alertou os palestinianos para "terem uma precaução máxima" ao sair das suas habitações.

O exército israelita afirmou que o cessar-fogo teria efeito sobre todo o território palestiniano, exceto a este de Rafah, no sudoeste da Faixa de Gaza, perto da fronteira egípcia, onde os confrontos continuam.

Esta já é a oitava “trégua” israelita, indicou o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e acontece numa altura em que Israel é alvo de indignação internacional após um tiro de artilharia cair sobre uma escola das Nações Unidas em Rafah no domingo, matando 10 pessoas.

É a terceira vez em 10 dias que uma escola das Nações Unidas é atingida por artilharia. Nos últimos dois ataques, em Beit Hanoun e Jabaliya, no norte de Gaza, morreram perto de 30 pessoas.

O cessar-fogo dá-se num momento em que o exército israelita iniciou uma operação de retirada de tropas terrestres, sem informar se esta operação é o início de uma retirada total do território palestiniano, que ainda se encontra sobre ataques aéreos e de artilharia.

Todas as tréguas antecedentes foram quebradas, sendo que a última foi no passado dia 1 de agosto, aceite por Israel e pelo Hamas, e que durou apenas duas horas.

Segundo Sami Abou Zouhri, porta-voz do Hamas, este "cessar-fogo unilateral (...) não é mais que uma tentativa de Israel de tirar atenção aos massacres que comete".

A trégua foi precedida esta segunda-feira de manhã de 23 raides aéreos sobre a faixa de Gaza e de fogo de artilharia, segundo um porta-voz do exército.

De acordo com fontes locais, já morreram pelo menos 1822 palestinianos desde o início do conflito a 8 de julho, enquanto do lado israelita morreram 64 soldados e três civis.

Num comunicado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que ao contrario das milícias do Hamas, que nas ultimas semanas têm lançado mísseis tendo como alvo civis israelitas, Israel não quer matar civis palestinianos.

"É um escândalo do ponto de vista moral e um ato criminoso", afirmou Ban Ki-Moon, o secretário-geral das Nações Unidas. Os EUA, principais aliados de Israel, mostraram-se "consternados" devido aos "bombardeamentos vergonhosos" de Israel.

Sem designar expressamente Israel como responsável, a ONU e Washington sublinharam que o exército está bem informado quanto à localização de refugiados das Nações Unidas.

Israel acusa o Hamas de se servir de civis como escudos humanos e de usar escolas e hospitais para lançar mísseis contra Israel.

No entanto, esta informação "não justifica os raides que põem em perigo de vida civis inocentes", informou o departamento de estado americano, num momento em que os apelos da comunidade internacional para um cessar-fogo se tornam prementes face à amplitude do drama humano que se vive em Gaza.

Netanyahu mostrou no passado sábado a sua determinação em concluir a operação lançada com o objetivo de terminar os lançamentos de mísseis a partir de túneis do Hamas.

Esta operação, denominada "Margem Protetora" deverá entrar numa nova fase, sendo que Israel afirmou estar perto de atingir os seus objetivos no que diz respeito aos túneis.

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