Está aqui
Irlanda: Fim do programa da troika é “uma miragem e uma fantasia”
“Nós temos argumentado de forma consistente nos últimos dois anos que independentemente de o governo vir ou não a anunciar formalmente o fim do programa da troika, as políticas económicas da Irlanda manter-se-ão sob o controlo da troika e dos credores internacionais enquanto o país for forçado a assumir o fardo das dívidas decorrentes da crise bancária”, avançou o deputado do People Before Profit/United Left Alliance[i] no parlamento irlandês.
Boyd Barrett defendeu que a indicação, por parte do governo, de que a Irlanda dará por terminado o programa da troika “não é nada mais do que uma miragem e uma fantasia”, mais uma tentativa para convencer os irlandeses de que “a austeridade está a resultar, quando é claro que está a falhar desastrosamente”.
“É apropriado que toda esta conversa sobre sair do programa da troika aconteça durante o Halloween, na realidade, enquanto existir dívida, os vampiros da troika vão continuar a sugar-nos por muitos Halloweens”, frisou.
Conforme lembrou Boyd Barrett, o tratado fiscal assinado pela Irlanda impõe um rigoroso calendário para o pagamento da dívida, até que esta atinja 60% do PIB e o défice se fixe nos 0,5%, a par de um “regime intrusivo de monitorização da evolução dessas metas”, levado a cabo pela UE.
“Com o enorme fardo da dívida da banca que foi imposta aos irlandeses, deixando-nos, atualmente, com uma dívida de 120% do PIB, no valor total de cerca de 200 mil milhões de euros, seremos alvo de mais uma década de austeridade”, alertou o deputado, salientando que a mesma será “aplicada e monitorizada pela mesma troika, apenas com ‘uma roupagem diferente’”.
“Enquanto a Irlanda carregar o fardo massivo da odiosa dívida bancária permanecerá firmemente nas garras dos credores externos – principalmente a troika – independentemente da forma como isto for apresentado políticamente”, reforçou.
Para Boyd Barrett, a falência das políticas austeritárias da troika é evidente face, nomeadamente, à atual crise nas infraestrutura de água do país, à eminente crise no serviço de Saúde, e ao fracasso do imposto sobre a propriedade, que decorreu de uma exigência da troika.
“As infraestruturas e os serviços públicos estão esgotados e este facto, por sua vez, é utilizado para justificar as taxas e depois a privatização. O FMI usou, durante décadas, a dívida para implementar estas políticas nos países em desenvolvimento, com consequências desastrosas, e agora, com a assistência da UE, está a aplicar-nos o mesmo modelo”, avançou o político irlandês, sublinhando que, como sempre, os vencedores são as grandes coorporações privadas e os derrotados são os cidadãos comuns.
Artigo formulado com base nas informações disponíveis na página web do deputado Richard Boyd Barrett.
[i] A United Left Alliance (ULA), cuja formação foi anunciada a 25 de novembro de 2010, e que é constituída pela organização People Before Profite Alliance (PBPA), formada, na sua maioria, por membros do Socialist Workers Party, o Socialist Party(SP) e o Workers and Unemployed Action Group, conseguiu eleger cinco dos seus vinte candidatos nas eleições legislativas de 25 de fevereiro de 2011: Joan Collins com 8.459 votos; Richard Boyd Barrett, com 10.794 votos, Seamus Healy com 11.265 votos; Joe Higgins com 8.603 votos e Clare Daly com 11.172 votos.
Adicionar novo comentário