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Iniciativa Cidadã pela Catalunha critica silêncio europeu perante a repressão política

A Iniciativa Cidadã pela Catalunha juntou esta sexta-feira Fernando Rosas, Manuel Loff, Isabel Pires e Luís Fazenda na Casa do Alentejo, numa iniciativa onde se alertou para o perigo de normalização da repressão política no espaço europeu.

A sessão de solidariedade com a Catalunha encheu esta sexta-feira a Casa do Alentejo, numa Iniciativa Cidadã convocada por um manifesto subscrito por André Freire, Boaventura Sousa Santos, José Manuel Pureza, Luís Fazenda, Luís Moita, Manuel Loff, Isabel Pires, Pedro Pézarat Correia, Rogério Reis, Rui Sá, Tiago Barbosa Ribeiro. A sessão contou  com intervenções de Isabel Pires, Luís Fazenda,  Manuel Loff e Fernando Rosas.

Esta iniciativa surge num momento em que  a repressão do estado espanhol sobre os direitos e liberdades da Catalunha, com políticos democraticamente eleitos presos sem hipótese de fiança e acusados de rebelião.

No manifesto pode ler-se que "nas últimas semanas, e contra a Constituição espanhola, o Governo, o Ministério Público e as forças policiais espanholas praticaram e continuam a praticar uma multiplicidade de atropelos aos direitos cívicos, políticos e humanos na Catalunha, em especial contra a liberdade de associação e de expressão, tendo já detido funcionários do Governo autónomo e líderes de associações cívicas, e ameaça agora prender os membros do Governo autónomo (acusando o seu presidente, Carles Puigdemont, de crimes que podem levar até 30 anos de prisão), deputados e autarcas, todos acusados de "desobediência" e de "insurreição", tratando-os a todos como "golpistas", sem que, reconhecidamente, algum deles tenha pegado numa arma, conspirado contra a liberdade de algum cidadão ou praticado violência".

Fernando Rosas, Manuel Loff e Isabel Pires criticaram a ideia de que a atuação do Estado Espanhol, do governo do PP e do seu aparelho judicial são antidemocráticas e inaceitáveis, considerando os catalães presos por considerações estritamente políticas que, tudo indica, poderá abranger também os membros da mesa do parlamento, os deputados e também os autarcas dos municípios catalães.

Luís Fazenda relatou a sua experiência enquanto observador internacional do referendo de 1 de Outubro, (três relatos disponíveis aqui: I, II, III) dos seus contactos com a População, Mossos de Esquadra, Autarcas e outros agentes políticos, num referendo que claramente mobilizou a população.

Para o dirigente do Bloco, “numa situação em que há presos políticos, em que as liberdades estão limitadas”, as eleições de 21 de Dezembro levantam dúvidas mas, “maior dúvida ainda fica sobre a aceitação do resultados dessas eleições pelo governo Rajoy” que, confiando na forma como o PP aborda a questão catalã, tudo indica que poderá assumir medidas repressivas ainda mais drásticas.

 

 

A deputada do Bloco, Isabel Pires, relembrou que “Para este percurso, o estado espanhol teve que criar a narrativa, mesmo sendo ela falsa, de que a expressão democrática na Catalunha era violenta para justificar a ordem de detenção do governo eleito, para justificar o ataque à liberdade de imprensa, para justificar o fecho de tipografias”.

Uma mentira que, diz, a União Europeia decidiu ignorar. Porquê? A resposta “pode ser mais fácil do que esperado: a União Europeia não vive bem com parlamentos nacionais. Não vive bem com democracia, já o sabemos, mas é mais do que isso: os sucessivos tratados que têm vindo a reformar a União Europeia vão sempre no sentido de retirada de competências aos parlamentos e governos nacionais, sem exceção”, concluiu. 

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