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Hemodiálise: “Estado não pode ficar refém de um monopólio”
No ano passado, cerca de 12 mil utentes fizeram tratamento de hemodiálise em ambulatório. Por estes tratamentos, o Estado pagou mais de 270 milhões de euros. A fatia de leão desta verba vai parar ao bolso de multinacionais como a Nephrocare, Diaverum ou DaVita, que aproveitaram a privatização deste serviço e surgem como as grandes vendedoras do processo de concentração do setor na última década, em especial durante o governo PSD/CDS.
Para o deputado Moisés Ferreira, que questionou a ministra da Saúde sobre a necessidade de impor limites a esta concentração, a crescente privatização e concentração da hemodiálise “traz imensos problemas ao país”: ao Estado, “que fica refém de alguns poucos privados”; ao erário público, que “sofre com um setor monopolizado onde as entidades privadas podem exigir e fixar os preços que bem lhes apetecer”; mas também ao utente, “que não encontra no serviço público as respostas de que precisa e, para além disso, fica exposto a condições e práticas onde falta a segurança”.
Um exemplo dessa falta de segurança ocorreu em outubro de 2015 com a infeção de vários doentes com hepatite C durante a realização de tratamentos de hemodiálise, situação que motivou um inquérito da Entidade Reguladora da Saúde à Diaverum. Das recomendações dadas ficou claro que “muitas destas unidades não cumprem com as regras de segurança e de higiene, colocando em causa a saúde dos doentes”, aponta o deputado do Bloco.
Ao desafio lançado pelo Bloco de Esquerda à ministra da Saúde para limitar a concentração das unidades de hemodiálise nas mãos das multinacionais, “de forma a não ficar refém de um monopólio que prejudicará gravemente o interesse público”, junta-se a exigência de que o governo comece a “investir no aumento da resposta pública nesta área”, assim protegendo o interesse dos utentes.
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