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Guernica, 74 anos depois…

Foi há 74 anos. A pedido de Franco, os bombardeiros alemães da Legião Condor, dando corpo a uma aliança nazi-fascista internacional para liquidação da república Espanhola, bombardearam a indefesa e desarmada cidade basca de Guernica durante três horas.
Picasso, ao construir a sua genial tela alusiva, impede que o mundo esqueça o que os habitantes de Guernica e os bascos jamais esquecerão. Foi o primeiro acto de guerra conhecido organizado deliberadamente contra civis.

Foi há 74 anos. A pedido de Franco, os bombardeiros alemães da Legião Condor, dando corpo a uma aliança nazi-fascista internacional para liquidação da república Espanhola, bombardearam a indefesa e desarmada cidade basca de Guernica durante três horas utilizando uma combinação de bombas explosivas e incendiárias. Quase dois mil dos sete mil habitantes da povoação foram mortos, cerca de 900 ficaram feridos, a cidade foi arrasada.

Picasso, ao construir a sua genial tela alusiva, impede que o mundo esqueça o que os habitantes de Guernica e os bascos jamais esquecerão. Foi o primeiro acto de guerra conhecido organizado deliberadamente contra civis – uma prática que, como hoje muito bem sabemos, se tornou comum.

Goering e Franco dividiram então os lucros do massacre da população de Guernica no dia 26 de Abril de 1937. O chefe operacional das forças de Hitler testou pela primeira vez os homens e as máquinas da sua renovada força aérea (Luftwaffe) num cenário tranquilo, sem correr riscos de resposta, aprimorando as capacidades letais através da perseguição aos habitantes que tentavam fugir do terror.

Franco enviou uma mensagem clara a todos os povos de Espanha arrasando a capital simbólica dos bascos, aquela onde o orgulhoso carvalho presente junto à Casa das Juntas (a Árvore de Guernica – Gemikako Arbola) dava sombra aos representantes de todas as comunidades bascas que, segundo a tradição, ali se reuniam para discutir os assuntos do interesse do povo. A árvore que simboliza as liberdades tradicionais dos bascos sobreviveu ao inferno fascista alemão e espanhol, mas, nesse dia, Franco sentiu-se também vingado por não ter conseguido apoderar-se de Madrid na sua primeira tentativa.

Nesse dia 26 de Abril, a partir das 16 e 40 e durante três horas, os 50 bombardeiros nazis massacraram Guernica em vagas sucessivas. Era segunda-feira, dia de mercado, pelo que a operação seria garantidamente eficaz em liquidação exemplar de vidas humanas.

As estatísticas oficiais revelam 1654 mortos e 889 feridos. A ideia de Goering de estrear ali a combinação de pequenas bombas incendiárias e pesadas bombas de explosão surtiu os efeitos pretendidos. Guernica ficou queimada e em ruínas: a destruição inicial das canalizações fez com que o fogo se propagasse sem combate.

A lembrança do massacre de Guernica poderia ter ficado como exemplo; a obra de Picasso criada no mesmo ano de 1937 para o pavilhão da República Espanhola na Exposição Universal de Paris, perpetuou essa memória.

Como se percebe, porém, foi apenas o primeiro de uma longa série de massacres civis que prossegue sem oposição nos dias de hoje.


Artigo de José Goulão, publicado no site do Grupo Parlamentar Europeu do Bloco de Esquerda.

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