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“Greve no CHO é exemplo de luta contra a precariedade”

Hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche registaram adesão à paralisação de 100%. Deputado bloquista Heitor de Sousa destacou que a “precariedade no Estado é totalmente inadmissível”.

“Nos hospitais das Caldas da Rainha e de Peniche nenhum dos 180 precários se apresentou ao trabalho no turno que se iniciou às 0h, nem no turno das 8h, registando-se uma adesão de 100%”, informou Carla Jorge, porta-voz do Movimento Precários do CHO (Centro Hospitalar do Oeste), em declarações à agência Lusa.

No que respeita ao Hospital de Torres Vedras, “ainda não se conseguiu apurar números exatos, mas estimamos que a adesão ronde os 30% ou, no máximo, 40%, porque é o local onde existem trabalhadores mais jovens e que têm medo de represálias”, acrescentou Carla Jorge.

De acordo com a trabalhadora, os efeitos da greve estão a fazer-se sentir em serviços como as urgências do hospital das Caldas da Rainha, que contou, durante a noite, “com apenas dois auxiliares [do quadro], quando habitualmente funciona com quatro”, situação que se agravou com a mudança de turno às 8h, com apenas duas auxiliares para “assegurar a função de cinco”.

Os serviços de obstetrícia, maternidade e neonatologia deste hospital também foram afetados, contando com “apenas duas auxiliares para os três serviços” e destas “uma foi abrigada a seguir turno, ou seja, a fazer dois turnos seguidos”, explicou a porta-voz.

Luta pelos seus direitos mas também pela qualidade dos serviços prestados

Em comunicado, os Precários do CHO informam que, na passada quarta-feira, reuniram com o Conselho de Administração do CHO mostrando-se “disponíveis para suspender a greve se o Conselho de Administração e a empresa Lowmargin, Lda apresentassem acordo escrito” para a sua passagem às 35h a partir de 1 de novembro.

Os trabalhadores não obtiveram, entretanto, qualquer resposta. Assim sendo, optaram por concretizar a greve, “exigindo as 35 horas para todos os trabalhadores precários do CHO, em igualdade com os nossos colegas, e o pagamento de todas as retribuições em falta - greves onde assegurámos serviços mínimos, turnos extraordinários e metade do subsídio de férias”.

A paralisação teve início esta terça-feira, pelas 0h e “conta com a solidariedade de todos os colegas e utentes”.

“Lutamos pelos nossos direitos como trabalhadores mas também pela qualidade dos serviços prestados aos nossos utentes”, lê-se no documento.

A “precariedade no Estado é totalmente inadmissível”

Esta terça-feira, o deputado bloquista Heitor de Sousa juntou-se à concentração dos trabalhadores precários do CHO, em frente ao Hospital das Caldas da Rainha.

Heitor de Sousa deu os “parabéns aos trabalhadores e às trabalhadoras pela organização e capacidade de luta”, lembrando que não é fácil resistir às pressões a que estão a ser sujeitos.

“Este é um exemplo a seguir de luta pela defesa dos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores e contra a precariedade”, salientou o dirigente do Bloco.

Para Heitor de Sousa, estamos perante uma “situação insustentável”, já que a “precariedade no Estado é totalmente inadmissível”. “O Estado tem de dar o exemplo”, defendeu o deputado.

Heitor de Sousa deixou a garantia de que estes trabalhadores “podem contar com o Bloco durante e depois de todas estas greves”

Em comunicado, os bloquistas já tinham demonstrado “total solidariedade com a luta dos trabalhadores precários do CHO, “que vivem uma situação precária há vários anos, alguns há quase 20 anos, e têm vindo justamente a exigir igualdade de direitos com os seus colegas de trabalho que fazem parte dos quadros dos Hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche”.

O Bloco considera “justas as revindicações dos trabalhadores em causa, que é necessária a reposição imediata das 35 horas e o pagamento das retribuições em falta, decisões que estão ao alcance da Administração do CHO e da empresa Lowmargin, Lda”, sublinhando, no entanto, que “deve o Governo e o Ministério da Saúde iniciar trabalhos para a integração de todos os trabalhadores precários nos quadros deste Centro Hospitalar, situação que pode ser indiferente ou até benéfica do ponto de vista da despesa pública, pois com frequência os encargos com as empresas prestadoras de serviços são mais dispendiosos do que a contratação direta”.

Os bloquistas já questionaram o Governo sobre esta problemática, através do ministério do Trabalho e da Saúde (ver aqui e aqui), não tendo ainda obtido qualquer resposta.

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