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Greve dos médicos paralisa blocos operatórios em todo o país

Forte adesão à greve nacional, desta quarta-feira, “espelha o descontentamento" generalizado dos médicos, disse Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos. Nos hospitais, a adesão é de 90% a 100%, os blocos operatórios estão parados e os centros de saúde estão a funcionar a cerca de 20%.
Foto de Paulete Matos.
Foto de Paulete Matos.

A adesão à greve dos médicos, marcada para esta quarta-feira, pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e pela Federação Nacional de Médicos (FNAM), "está a ser maior do que a da última" paralisação nacional, feita em Maio.

Frente ao hospital de São José, em Lisboa, Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do SIM, sublinhou a "forte adesão" destes profissionais, a qual espelha "o descontentamento" da classe. A greve começou às 00:00 desta quarta-feira e os sindicatos já se mostraram disponíveis para novas formas de luta.

Segundo o sindicalista, "não há nenhum bloco operatório a funcionar no hospital de S. José, o mesmo no hospital Pedro Hispano e no S. João, onde só se realizou uma cirurgia oncológica. No Curry Cabral está um bloco a funcionar para transplantes e em Coimbra estão dois de 20 blocos".

Num balanço geral, disse ainda que nos hospitais a adesão "é de 90 a 100 por cento nos blocos operatórios e de 85 a 90 por cento nas consultas e nos centros de saúde é de cerca de 80 por cento". "Existem vários agrupamentos de centros de saúde (ACES), como o Norte Litoral, que têm uma adesão de 100 por cento”.

"Há um grande descontentamento”

Em declarações aos jornalistas, Jorge Roque da Cunha voltou a lembrar que os médicos apenas pretendem que a Tutela os deixe trabalhar mais, colocando no topo das reivindicações a devolução do que foi retirado a esta classe aquando do último Governo PSD-CDS e do programa de ajustamento da troika em Portugal.

"O que pedimos é uma redução faseada para os valores que estavam antes da troika. Passar de 18 para 12 horas de urgência semanais permite fazer mais consultas e cirurgias programadas. O que poderá ter de custos diretos é o pagamento de horas extraordinárias. No caso dos médicos de família, 50 utentes a menos é muito pouco. Tem de ser plurianual e não uma medida isolada", explicou o secretário-geral do SIM.

"Há um grande descontentamento. Há dois meses que aguardamos uma contraproposta do Ministério da Saúde e ainda não recebemos nada. O que pode mudar a nossa atitude é o ministério apresentar medidas concretas que permitam melhorar o acesso dos doentes e diminuir as listas de espera. Não é por acaso que apesar da cosmética, as listas de espera aumentaram", reforçou.

Para Guida da Ponte, da comissão executiva da FNAM, esta greve é diferente na adesão expressa, a qual é “bastante sugestiva” do tempo que se vive e do “descontentamento” da classe, cita a Lusa. “O ministro da Saúde terá de refletir sobre o que leva os médicos a uma greve massiva”, disse, lamentando que a tutela esteja há dois meses sem contactar os sindicatos.

É ainda reclamada uma reformulação dos incentivos à fixação em zonas carenciadas, uma revisão da carreira médica e respetivas grelhas salariais e a diminuição da idade da reforma para os médicos, entre outras medidas.

Sindicatos vão definir novos passos reivindicativos ainda esta quarta-feira

Os sindicatos médicos anunciaram que até ao final do ano existirão novos dados reivindicativos e novas movimentações, as quais poderão significar “uma nova e mais alargada greve médica”.

O anúncio foi feito por Mário Jorge Neves, dirigente da FNAM, que falou aos jornalistas junto ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Tal como o secretário-geral do SIM, este dirigente sublinhou a “forte adesão” dos médicos à greve, que se expressa em vários casos pelo encerramento total das salas e o adiamento de consultas.

A definição dos próximos passos destes sindicatos vai acontecer num pressuposto: “Não desistiremos de lutar pela dignidade dos médicos”, disse o dirigente da FNAM.

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