Está aqui
Governo nomeia técnico ligado às celuloses para liderar mudanças no combate aos incêndios
Segundo o jornal “Público”, o engenheiro Tiago Martins Oliveira é doutorado em gestão de riscos florestais e foi um dos autores do estudo encomendado pelo Estado, em 2006, que propunha uma reforma do sistema de combate aos incêndios florestais. Tiago Oliveira é também, desde 2016, responsável da área da Inovação e Desenvolvimento Florestal da The Navigator Company (ex-Portucel).
Segundo o “Jornal Económico”, Tiago Martins Oliveira teve vários cargos políticos em governos tanto do PSD, como do PS. Na indústria da celulose, teve vários cargos no Grupo Portucel Soporcel, atualmente The Navigator Company. Foi adjunto do secretário de Estado das Florestas (João Manuel Soares) do Governo liderado por Durão Barroso (entre 2003 e 2004) e adjunto do ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas (Jaime Silva) do Governo liderado por José Sócrates (entre 2005 e 2006). O site do jornal refere que Tiago Martins Oliveira foi ainda coordenador executivo da proposta técnica do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PNDFCI) para o Instituto Superior de Agronomia, encomendado em 2004 pelo Governo de Pedro Santana Lopes.
Bloco de Esquerda estranha e critica a nomeação
“É surpreendente que o Governo indique para presidir a uma estrutura e para um lugar que parece ser equivalente a secretário de Estado uma pessoa que, independentemente das suas qualidades técnicas, tenha estado ligado à indústria das celuloses, nomeadamente na Portucel e na Navigator Company, que tem tanta responsabilidade no caos em que a floresta se encontra”, criticou Pedro Soares, deputado do Bloco de Esquerda e presidente da comissão parlamentar de Ambiente.
O deputado bloquista lembra que a indústria da celulose tem promovido e beneficiado a monocultura do eucalipto e isso “tem tido um papel explosivo na falta de controlo dos incêndios”.
Pedro Soares aponta que esta nomeação tem a “marca indelével da ligação às celuloses, que não abona nada a favor da independência que se exige a uma Estrutura de Missão”.
“Parece que o Governo não aprendeu mesmo nada” com tudo o que aconteceu nos últimos quatro meses, conclui o deputado Pedro Soares, nas suas declarações ao jornal.
Artigo atualizado às 15.30h de 24 de outubro de 2017
Comentários
Gostava tanto de ver o bloco
Gostava tanto de ver o bloco erguer-se alto e bom som contra o governo. Obviamente que não podiam votar a favor da moção de censura, mas só cá para nós, que merecem censura merecem.
Na galiza arderam 4000 ha e morreram 4 pessoas e o povo está na rua. Onde andam os portugueses e nomeadamente o bloco? Porque é que o BE não há-de estar na rua a criticar o governo naquilo que merece crítica, apesar de o apoiar na reposição de rendimentos? Esta história da nomeação não pode ir adiante. O bloco tem no mínimo que exigir a retirada desta nomeação e se necessário vir abertamente ameaçar o governo.
Adicionar novo comentário