Está aqui
FMI quer mais sacrifícios para garantir juros usurários
Mais uma vez o governo português quis demonstrar aos credores, no caso, ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que apesar de todo o empobrecimento social e económico das famílias causado pelo duro caminho da austeridade, ainda é possível satisfazer com “gratidão” os elevados custos na dívida, que resultam dos especulativos juros impostos pelas instituições financeiras. Vai daí, a ministra das Finanças, Maria Luísa Albuquerque para quem o estado do país parece ser virtual, anuncia como prioridade, não aliviar o peso da austeridade sob a vida das pessoas, mas sim, oferecer ao FMI o doloroso sacrifício que vem sendo exigido aos portugueses nestes últimos anos. Propondo-se assim, antecipar o pagamento de dois mil milhões de euros com o argumento de poupar nos juros. Os tais juros usurários dos quais o FMI vai beneficiar antecipadamente, como resultado do retrato atual deste país, que é um dos mais pobres e desiguais da OCDE, que troca a dignidade de um povo, pela ideologia do assistencialismo e dos pobres mas honrados.
Neste país europeu em que mais aumentou o risco de pobreza e exclusão social em 2014, cada vez mais dependente das instituições de solidariedade social, o governo PSD/CDS prefere ser solidário com o capital financeiro, deixando as vítimas das suas políticas de austeridade à mercê da solidariedade do já de si espoliado povo português. Mas a estes sacrifícios impostos a um Povo, para pagar juros antecipadamente, cinicamente, o FMI, que considera este esforço demasiado modesto, vem ainda dizer que há “um risco tangível” de Portugal não cumprir a meta do défice este ano, “sem cortes adicionais da despesa” adiantando, que é até, “pouco provável” reverter a austeridade, como vem sendo prometido, sem conter a despesa com salários e pensões. Alertas inquietantes do FMI, para “mais esforços” ou mais cortes na despesa pública, que funcionam como recados pós eleições legislativas, tanto para o PSD/CDS como para o PS, que por agora, naturalmente, se obrigam a declarações nada convincentes, de não partilharem tal caminho de mais austeridade.
Artigo de José Lopes (Ovar)
Adicionar novo comentário