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Fernando Lemos expõe retratos de intelectuais isolados pelo fascismo
A exposição, que é inaugurada esta quarta-feira, no Museu Coleção Berardo, em Lisboa, são apresentados retratos captados entre 1949 e 1952, e mostra o “isolamento penoso” a que foram votados muitos artistas pela ditadura de Salazar.
Numa visita guiada pela exposição, Pedro Lapa, diretor artístico do museu, afirmou que este conjunto de retratos, captados pelo pintor e fotógrafo, Fernando Lemos, "mostra bem o meio específico de escritores, atores e artistas plásticos que viveram num período dos mais depressivos da História do país".
"Estava-se no fim do pós-Segunda Guerra Mundial. Em Portugal, o regime ditatorial endurecia, e o isolamento em que estavam estes artistas e intelectuais era penoso", afirmou aos jornalistas Pedro Lapa sobre as circunstâncias em que eles viveram.
“Geração traumatizada”
Entre alguns dos retratados de Fernando Lemos – que reside no Brasil desde a década de 50 por ter sido também um opositor ao regime - contam-se o poeta Alberto de Lacerda, o pintor António Dacosta, o ator Jacinto Ramos, o escritor Jorge de Sena, o historiador José-Augusto França, o escritor José Cardoso Pires, o pintor Marcelino Vespeira, o poeta e artista Mário Cesariny, a pintora Maria Helena Vieira da Silva e o marido, Arpad-Szénes,
Muitos destes artistas acabaram por seguir os caminhos da emigração ou foram expatriados, como foi o caso de Maria Helena Vieira da Silva, a quem Salazar não concedeu a nacionalidade, o que levou a pintora a pedir a nacionalidade francesa.
Fernando Lemos, de 90 anos, acabou também por abandonar o país após a criação destas imagens que, segundo Pedro Lapa, “constituem um retrato coletivo de uma geração traumatizada”.
A exposição pode ser vista até 31 de dezembro.
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