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EUA exigem que milícias iranianas abandonem o Iraque

O chefe da diplomacia dos EUA exigiu esta segunda-feira em Riade que as milícias iranianas a operar no Iraque “vão para casa”, e patrocinou uma reaproximação institucional “de paz” entre os governos iraquiano e saudita.
Rex Tillerson em visita à Arábia Saudita. Foto da agência saudita de imprensa. EPA/Lusa.
Rex Tillerson em visita à Arábia Saudita. Foto da agência saudita de imprensa. EPA/Lusa.

Rex Tillerson, Secretário de Estado responsável pela política externa dos Estados Unidos da América [EUA], exigiu esta segunda-feira em Riade que as milícias iranianas a operar no Iraque “vão para casa”, e patrocinou uma reaproximação institucional “de paz” entre os governos iraquiano e saudita. 

“Agora que a luta contra o Daesh e ISIS está a chegar ao fim, as milícias [iranianas] devem ir para casa. Qualquer soldado estrangeiro deve ir para casa e permitir ao povo iraquiano recuperar controlo” [sobre as áreas reconquistadas], disse o responsável norte-americano referindo-se às milícias PMF e Força Qud, unidades paramilitares que fazem parte do ramo de espionagem da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão, presentes no Iraque para apoiar o exército iraquiano a combater as forças do Daesh [Estado Islâmico].

No passado dia 16 de outubro, estas milícias apoiaram também a invasão do Curdistão iraquiano por parte do exército iraquiano. 

As declarações surgiram numa visita oficial à Arábia Saudita - o rival regional do Irão - proferidas em conferência de imprensa ao lado de Adel al-Jubeir, Ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, e depois de Tillerson se reunir com o Rei saudita, Salman bin Abdel Aziz.

O governo iraquiano não comentou até ao momento as declarações de Tillerson, mas criou este domingo um gabinete inter-ministerial entre os governos iraquiano e saudita, para coordenação do combate ao Daesh e políticas de reconstrução do território em ruínas. 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Javad Zarif, criticou já o seu homónimo norte-americano por se deixar influenciar pelos “petrodólares” da Arábia Saudita. 

 

O exército iraquiano, armado pelos Estados Unidos, é também apoiado pelas milícias iranianas que se introduziram no país sob o pretexto de combater o Daesh, numa estratégia de afirmação da sua própria influência regional.

A sua presença no Iraque foi promovida pelos EUA com John Kerry, ex-Secretário de Estado, a declarar em 2016 que as milícias iranianas tinham sido “úteis” para os EUA na sua estratégia de combate ao Daesh.

As declarações de Tillerson surgem após Donald Trump se recusar a ratificar o acordo nuclear estabelecido com o Irão pelo seu antecessor, e confirmam uma alteração profunda na estratégia dos EUA face à região. 

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