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Estivadores promovem greve contra práticas antissindicais

Adesão dos associados do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística à paralisação foi de 100%. Estivadores de Leixões foram substituídos por trabalhadores precários, configurando um ato ilegal e boicote ao direito de greve. Bloco esteve presente neste protesto.

Os estivadores promoveram esta segunda-feira uma Jornada de Luta Nacional, que se prolonga até às 8 horas de terça-feira. A paralisação, que decorre durante as horas ímpares, surge como forma de protesto contra as práticas antissindicais “nos portos de Sines, Leixões e Caniçal, que violam um direito constitucionalmente consagrado, ao retirarem aos trabalhadores poder negocial, através do constrangimento em relação à sua livre opção sindical”.

Segundo afirmou, em declarações à agência Lusa, o presidente do Sindicato dos Estivadores e da Atividade Logística, António Mariano, “desde que os trabalhadores destes portos começaram o processo de sindicalização no nosso sindicato, as perseguições têm sido inúmeras e de várias formas, desde ameaças a substituição desses [profissionais] por outros, prejuízos nos [seus] salários, ameaças de despedimento, impedimento de participação em plenários”.

O protesto “contra estas práticas ilegais, insidiosas e inaceitáveis, que ocorrem de forma crescente, avassaladora, concertada e, até agora, impune”, levaram à paralisação total nos portos onde o sindicato nacional representa a totalidade dos trabalhadores, como é o caso de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz. O Porto de Leixões e Caniçal [na Madeira] praticamente pararam, segundo confirmou o dirigente sindical.

“Se não houver entidades oficiais que ponham cobro a isto, vamos ter de continuar neste caminho, mas esperemos que seja possível que alguém com responsabilidades neste país, na área dos atropelos à vida laboral e sindical, possam ter alguma intervenção”, destacou António Mariano.

Direitos sociais e laborais não podem ficar apenas no papel e na lei

Em comunicado, a FECTRANS e a CGTP-IN manifestam o seu apoio à luta dos estivadores contra as práticas antissindicais nos portos de Sines, Leixões e Caniçal.

“Os direitos sociais e laborais não podem ficar apenas no papel e na lei, é preciso que se efectivem e, para isso, é preciso que se combatam as práticas patronais de imporem que os mesmos fiquem às portas das empresas e que só acontece porque, na lógica da ofensiva liberal, os governos não fazem funcionar os mecanismos de fiscalização e, por outro lado, mantém leis que desprotegem quem trabalha”, lê-se na missiva.

Segundo a FECTRANS e a CGTP, “a unidade e determinação dos trabalhadores estivadores de todo o País, vai ser determinante para inverter a actual situação e iniciar um caminho diferente de construir relações de trabalho em que os estivadores, de todos os portos, sejam trabalhadores com trabalho com direitos e que acabe a desregulamentação que existe, que tem como base uma lei injusta que todos combatemos”.

Estivadores de Leixões substituídos por trabalhadores precários e motoristas

O deputado bloquista José Soeiro, bem como Ferreira dos Santos, candidato à Câmara de Matosinhos pelo Bloco, Sílvia Carreira, candidata à junta de freguesia de Leça e Matosinhos, e dirigentes da área laboral do Bloco de Esquerda, estiveram presentes na concentração entre as 13h e 14h no Porto de Leixões.

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) foi chamada ao local porque os trabalhadores foram substituídos nas suas funções por trabalhadores precários e motoristas neste dia de paralisação, o que configura um ato ilegal e boicote ao direito de greve destes trabalhadores. 

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