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“Este é o momento político para o governo propor a renegociação da dívida”

Catarina Martins defendeu em Braga que o governo deve aproveitar o reconhecimento europeu do desempenho económico do país para propor a renegociação que permita baixar o peso da dívida pública.
Catarina Martins fez o balanço do acordo com o PS numa sessão pública em Braga. Foto esquerda.net

“O governo tem de ter a coragem de colocar a renegociação da dívida pública e este é o momento político para o país” o propor, afirmou Catarina Martins esta quinta-feira, lembrando que “as instituições europeias que nos fizeram contrair esta dívida gigante” são as mesmas que falam num “milagre” da economia portuguesa. Para Catarina, o que aconteceu em Portugal “não foi nenhum milagre: simplesmente, quando as pessoas tiveram um pouco mais de rendimento, a economia começou a reagir”. E essas instituições agora têm a obrigação de “tirar consequências sobre o mal que fizeram ao país e sobre a dívida pública que nos impuseram”, argumentou.

“Tanto o FMI como o BCE e o Mecanismo de Estabilidade Europeu cobram mais juros ao nosso país do que os que são cobrados no mercado”, prosseguiu Catarina, concluindo que “a troika tem de tirar as consequências do que fez” a Portugal. E ante os elogios e o reconhecimento internacional do desempenho económico, “Portugal tem de usar isso a seu favor e fazer a renegociação da dívida que pode tornar sustentável o crescimento económico”, defendeu.

“Com pequenas alterações nos prazos e com diminuição dos juros, a dívida em Portugal podia baixar para os 90% do PIB. O Bloco fez esse trabalho e apresentou essas propostas, no grupo de trabalho com o PS”, recordou Catarina esta quinta-feira em Braga.

Numa sessão dedicada ao balanço do atual quadro político, Catarina Martins e Pedro Soares participaram em Braga na sessão “Dois anos de acordo – o que foi feito e o que falta fazer”. Na sua intervenção, a coordenadora do Bloco elencou as medidas que constavam do acordo entre o Bloco e o PS para falar do estado da sua implementação, destacando o aumento do salário mínimo nacional e a recuperação do poder de compra das pensões com os aumentos e atualizações extraordinárias.  

Pela negativa, Catarina apontou o investimento público, que “está muito aquém do que o país precisa”, apesar do Estado “dar lucro”. “Mas depois vêm os juros da dívida”, que levam todo o saldo positivo e “cada ano nos temos de endividar mais” porque “a dívida pública continua a puxar o país para baixo”.

Chumbo do PS à contribuição das renováveis deitou a perder “dois anos de trabalho” com o governo

Catarina Martins referiu-se ainda à “medida que foi feita em colaboração com o Ministério da Economia e das Finanças” para criar a contribuição das renováveis que serviria para reduzir a fatura da energia. “Foram dois anos de trabalho” entre o Bloco e o governo para chegar a uma solução que, ao contrário do que o primeiro-ministro deu a entender, “não alterava nenhum contrato”, garante.

Tratava-se de “cobrar uma pequena taxa aos contratos das energias renováveis mais antigos, que têm rentabilidades asseguradas mais altas e que já amortizaram completamente o seu investimento porque já estão há muitos anos a trabalhar”, descreveu a coordenadora bloquista, acrescentando que “essa pequena taxa já existe para as energias convencionais”.

“Mas quando as elétricas disseram ‘não pode ser’, o PS voltou atrás e chumbou a medida”,  criticou Catarina, antes de chamar a atenção para os “28 governantes que giraram entre governos e administrações das elétricas”. “É preciso mais força à esquerda para termos maiorias que respondam primeiro pelas pessoas e não pelos interesses económicos”, concluiu.

“Combater as rendas da energia é não só uma medida de justiça na economia, porque acaba com lucros excessivos de uns poucos, como é uma medida social num país em que há pobreza energética. Mas é também uma medida que cria emprego, porque apoia toda a economia a baixar um custo alto demais e que retira competitividade às nossas empresas”, sublinhou a coordenadora do Bloco, lamentando que em geral só se invoque a “competitividade” para baixar os custos do trabalho, quando é o peso dos custos da energia as empresas em Portugal que mais a afeta.

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