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Erdogan lança nova purga na Turquia
Ao todo serão 3.224 pessoas alvo de mandados de detenção, a maior parte ligada aos serviços de segurança turcos. Só na quarta-feira de manhã foram detidos mais de mil polícias, que o regime de Erdogan diz estarem ligados ao clérigo Fethullah Gülen, seu antigo aliado atualmente exilado nos Estados Unidos.
Este é o capítulo mais recente de uma purga que surgiu em resposta ao golpe de estado fracassado no verão passado. Esta vaga de repressão atingiu todos os setores da administração e da sociedade, da justiça à educação, passando pela imprensa. Mais de 128 mil pessoas tiveram de se demitir e 45 mil foram presas. O ataque à liberdade de expressão praticamente eliminou todas as vozes dissonantes em relação ao regime, com centena e meia de jornais, rádios e estações de televisão a fecharem portas.
Bruxelas pode suspender negociações de adesão da Turquia à UE
Também esta quarta-feira, uma das principais negociadoras da União Europeia com Ancara para a adesão da Turquia à UE abriu a porta à suspensão formal do processo de adesão, que na prática se encontra parado desde o golpe e a vaga repressiva que se seguiu por parte de Erdogan.
O referendo constitucional realizado este mês, que reforçou os poderes do presidente, é o motivo apontado por Kati Piri, eurodeputada dos socialistas holandeses, para suspender o processo. “Como com esta Constituição a Turquia não se pode tornar membro da UE, também não faz sentido continuar a discussão sobre a integração com o atual governo”, afirmou a eurodeputada, citada pela Reuters, acrescentando que essa suspensão formal deverá acontecer quando as mudanças no regime turco entrarem em vigor.
Uma das consequências concretas da suspensão formal das negociações será o congelamento dos fundos anuais de pré-adesão, no valor de 600 milhões de euros, destinados à Turquia.
Ainda esta terça-feira, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa decidiu colocar a Turquia na lista de países sob observação “até que as preocupações profundas sobre o respeito pelos direitos humanos, a democracia e o Estado de direito sejam tratados de forma satisfatória”.
A resposta não tardou por parte de Erdogan, que considerou a decisão inteiramente política e ameaçou reconsiderar a sua posição sobre a adesão da Turquia à União Europeia. As relações do presidente turco com alguns países da UE, como a Holanda e a Alemanha, pioraram ainda mais depois destes países terem proibido os comícios a favor da sua reforma constitucional.
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