Drama social: mais de 200 famílias por dia deixam de pagar à banca

08 de agosto 2012 - 0:00

No primeiro semestre de 2012, 37.637 famílias deixaram de pagar à banca as prestações dos seus empréstimos, o que dá uma média de 207 famílias por dia, revelando a brutalidade do agravamento das condições sociais. O total de famílias que entrou em incumprimento na primeira metade do ano já superou mesmo o total de 2011. No final de Junho, um total de 708.514 famílias tinham prestações em atraso.

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Foto de Paulete Matos

O Banco Portugal divulgou, nesta segunda feira, os dados da Central de Responsabilidades de Crédito, referentes ao primeiro semestre de 2012.

De acordo com o “Diário Económico”, na primeira metade de 2012 o número total de famílias que entraram em incumprimento (37.637) supera já o total de 2011 (34.633). O incumprimento foi superior no primeiro (27.822 famílias) do que no segundo trimestre (10.093).

No total, são já 708.514 famílias que têm prestações de empréstimos em atraso, ou seja 15,6% do total de devedores.

O crédito mais afetado pelo incumprimento é o crédito ao consumo. No entanto, o mais significativo é o incumprimento do crédito à habitação, pelos montantes que envolve e porque se trata das situações mais graves. Em regra, a prestação do crédito à habitação é a última que as famílias deixam de pagar, significando situações limite.

No primeiro semestre, 10.454 famílias deixaram de pagar o crédito à habitação, revelando uma grave tragédia social. No primeiro trimestre do ano, 8.841 famílias cessaram os pagamentos das prestações do crédito à habitação e, no segundo trimestre 1.613 famílias.

Natália Nunes da Deco, em declarações ao “Diário Económico” mostrou-se surpreendida com o abrandamento das situações de incumprimento no segundo trimestre em relação ao primeiro. “Na Deco, aquilo que nós continuamos a ver é o número de famílias a pedir ajuda a aumentar. Por exemplo, em Julho, 74% das situações que nos chegaram já se encontravam em incumprimento”.

Natália Nunes prevê mesmo que o drama social se continue a agravar: “Tendo em conta as previsões que apontam para a subida do desemprego ou mesmo o novo código de trabalho, tudo isto me leva a crer que o número de famílias com dificuldades continue a aumentar nos próximos tempos”.